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Caminhoneiros ameaçam fechar vias hoje contra restrição
Sindicato diz que ato, programado para as 11h, vai usar 200 caminhões para congestionar principais corredores de SP
Nova lei veta circulação de
caminhões numa área de
100 km2 das 5h às 21h;
CET espera melhorar fluidez
dos carros em até 17%
ALENCAR IZIDORO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
A gestão Gilberto Kassab
(DEM) implanta hoje uma restrição mais severa aos caminhões que circulam de dia em
São Paulo -que promete ser a
principal aposta do prefeito
contra a deterioração do trânsito às vésperas das eleições.
A medida proíbe a circulação
de boa parte dos veículos pesados na maior parte do centro
expandido das 5h às 21h e deve
começar com turbulências.
Além de muitos comerciantes e transportadores não terem ainda programado alterações em suas entregas devido à
expectativa de um recuo de última hora de Kassab, está previsto para hoje um protesto.
O Sindicato dos Condutores
em Transportes Rodoviários de
Cargas Próprias de São Paulo
diz que fará uma manifestação
a partir das 11h, ameaçando
usar 200 caminhões para congestionar algumas grandes vias.
A entidade afirma que os veículos circularão de forma lenta,
em comboio, para prejudicar a
fluidez. Segundo o sindicato,
um grupo sairá com seus veículos da zona sul. Outro, da zona
norte. Os caminhões devem entrar na área sujeita à multa. "É
ditadura se nos multarem. Faremos um protesto por dia se
precisar", diz Almir Macedo,
presidente da entidade.
O sindicato diz que a restrição aos caminhões deverá provocar desemprego e desabastecimento na capital paulista.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) prevê a retirada de circulação de 85 mil dos
210 mil caminhões no centro
expandido logo nos primeiros
dias -e 100 mil a partir de agosto-, com melhoria da fluidez
dos carros entre 14% e 17%.
Uma parcela da redução dos
congestionamentos nos próximos dias, no entanto, deverá
estar ligada aos próprios veículos de passeio, por conta das férias escolares do meio do ano.
A nova lei prevê que os caminhões não possam circular numa área de 100 km2 das 5h às
21h. Há algumas exceções, estimadas em até 10%, como coleta
de lixo, transporte de valores e
serviço de mudanças.
Até a semana passada os caminhões de médio e de grande
porte já enfrentavam limitações entre as 10h e as 20h numa área próxima de 25 km2.
Mas, além da ampliação do
espaço com restrição, incorporando bairros como Moema e
Perdizes, os VUC (Veículo urbano de Carga, com até 6,30 de
comprimento), também serão
atingidos a partir de hoje.
Até 31 de julho, eles serão
submetidos a um revezamento
(placa par só nos dias pares e
placa ímpar nos dias ímpares)
-além das regras do rodízio
municipal de veículos.
Entre agosto e novembro, a
proibição de circulação diurna
será para todos os VUC nas horas de pico, mas, das 10h às 16h,
eles podem seguir se revezando
conforme placa par e ímpar.
A partir de novembro, a proibição será total, igualando a
condição dos caminhões pequenos à dos grandes e médios.
O valor das multas em um dia
pode chegar a R$ 1.362,08 no
caso dos VUC.
A CET, porém, não aumentará a quantidade de agentes nas
ruas para fiscalizar as medidas
-além dos cerca de 300 marronzinhos que já atuam na área
restrita, 200 agentes da zona
azul multarão caminhões.
O setor de transporte de carga cogita uma guerra na Justiça
com a prefeitura contra as novas restrições aos caminhões.
Manoel de Souza Lima Jr.,
vice-presidente do Setcesp
(sindicato das transportadoras), afirma que ainda prefere a
negociação "amigável", mas
diz: "Temos tudo preparado
para uma ação judicial."
Reunidos há dez dias em um
evento da entidade, cerca de
500 empresários do setor debateram diversas alternativas.
Uma das propostas mais bem
recebidas foi a de cada empresário ou sindicato, a partir dos
prejuízos que tiver, solicitar à
Justiça, por meio de uma série
de mandados de segurança, a
liberação das restrições.
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