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Delegada que investigou delegados é afastada em SP
A policial investigou quadrilha acusada de usar a estrutura da Polícia Civil para falsificar CNHs
Para promotor, afastamento da delegada da corregedoria foi "retaliação"; dois dos delegados suspeitos foram reconduzidos aos cargos
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O chefe da Polícia Civil de
São Paulo, delegado Maurício
José Lemos Freire, afastou ontem da Corregedoria Geral da
corporação a também delegada
Alexandra de Agostini Randmer da Silveira.
Nos últimos dois meses, a delegada trabalhou nas investigações que culminaram na prisão
de nove policiais -três deles
delegados- acusados de integrar a quadrilha que usava a infra-estrutura da Polícia Civil
em Ferraz de Vasconcelos
(Grande SP) para falsificar e
vender CNHs (carteira nacional de habilitação).
Para o promotor Marcelo
Alexandre de Oliveira, do Gaerco, órgão de combate ao crime
organizado do Ministério Público de Guarulhos (Grande
SP), o afastamento foi "retaliação". "A delegada Alexandra foi
afastada da corregedoria em
uma clara punição pelos serviços corretos prestados por ela
durante a apuração dos crimes
cometidos pelos policiais civis
acusados de vender habilitações falsas", disse.
A Folha não localizou a delegada e, por determinação de
Freire, nenhum policial civil
pode conceder entrevista sem
a autorização dele.
O afastamento da delegada
ocorreu cinco dias após ela ter
concluído o inquérito sobre o
caso. A policial pediu a decretação da prisão preventiva dos 29
suspeitos de vender CNHs falsas, entre eles o delegado Carlos José Ramos da Silva, o Casé,
preso desde o dia 17.
Freire reconduziu aos cargos
dois dos três delegados presos
na Operação Carta Branca, do
Ministério Público de Guarulhos e da Polícia Rodoviária Federal, que estão soltos.
Acusados de integrar a quadrilha que vendia CNHs falsas,
os delegados Juarez Pereira
Campos e Fernando José Gomes estão soltos desde o dia 16
por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).
Freire também determinou
ontem que Campos fosse trabalhar na delegacia de Mogi
das Cruzes. O delegado Gomes
foi designado para Suzano.
As duas delegacias são comandadas pela Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, cujo
ex-chefe, o delegado Casé, foi
afastado em maio.
Questionado ontem pela Folha -por e-mail enviado a seus
assessores de imprensa-, Freire não respondeu se pretende
ou não afastar do cargo Elson
Alexandre Sayão, outro delegado envolvido na investigação
sobre a venda de CNHs.
Segundo a Promotoria, Sayão, atual chefe do Demacro
(Departamento de Polícia Judiciária da Macro SP) e braço
direito de Freire no comando
da Polícia Civil, alertou seu então subordinado Casé sobre a
apreensão de CNHs emitidas
em Ferraz de Vasconcelos.
Somente sete dias após o
alerta, em abril, a Corregedoria
do Detran foi à Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) de Ferraz, mas, segundo a
Promotoria, nada foi feito.
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