|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
outro lado
Médico não furou fila de transplantes, dizem advogadas
Para as defensoras, Joaquim Ribeiro Filho é vítima de uma perseguição política por criticar as deficiências do setor
DA SUCURSAL DO RIO
As advogadas Simone Kamenetz e Elizabeth Haimenis, que
cuidam das causas cíveis do
médico Joaquim Ribeiro Filho,
preso ontem pela Polícia Federal sob acusação de fraudar a fila de transplante de fígado no
Rio, afirmaram que seu cliente
"não é chefe de quadrilha", como acusa a Polícia Federal, não
"furou a fila" de transplantes e
é um médico de "caráter". Ribeiro Filho é professor da
UFRJ e ex-coordenador da
central de transplantes do Rio.
De acordo com as advogadas,
Ribeiro Filho é vítima de perseguição política por criticar as
deficiências do sistema de
transplantes após sua saída da
função de coordenador do órgão que controla a lista de espera por transplantes.
De acordo com elas, o médico
tentou ser ouvido pela Polícia
Federal diversas vezes neste
caso, mas não foi atendido. O
advogado criminal de Ribeiro
Filho, Paulo Freitas, foi procurado, mas não ligou de volta.
"É um médico combativo,
persona non grata no governo
do Estado, o que repercute contra ele hoje", afirmou Simone
Kamenetz.
De acordo com Elizabeth
Haimenis, uma ação de Ribeiro
Filho que demonstra o seu caráter e sua preocupação com a
vida dos pacientes aconteceu
há duas semanas, quando,
"muito preocupado" com a saúde de um paciente, pediu a intervenção das advogadas.
"Havia um órgão disponível
para um paciente da fila, mas a
Secretaria de Saúde o impediu
de fazer o transplante, alegando que ainda estava suspenso, o
que não era verdade. Preocupado com o estado do paciente,
vindo de Petrópolis, pediu que
ajudássemos, quando o normal
seria que o advogado do paciente recorresse à Justiça. Quando
conseguimos a liberação, o coração do doador tinha parado e
o órgão ficou imprestável", afirmou Elizabeth Haimenis.
"O pensamento dele é: "Vamos salvar uma vida e pronto",
acrescentou a advogada.
Clínica
A Clínica São Vicente afirmou, em nota, estar credenciada há dez anos para fazer transplantes de fígado e outros órgãos. É o único hospital particular na cidade do Rio credenciado para essa tarefa.
A clínica informou ser uma
"instituição de corpo clínico
aberto" e que "apenas participa
do processo oferecendo suas
instalações a equipes credenciadas". De acordo com a São
Vicente, a coordenação da distribuição de órgãos para pacientes beneficiados é de responsabilidade única e exclusiva
da central de transplantes.
A UFRJ não se pronunciou
sobre o caso.
Texto Anterior: Transplante custaria R$ 80 mil, diz paciente Próximo Texto: Transplantada diz que médico preso salvou a sua vida Índice
|