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História de forte se mistura à de Belém
DA REPORTAGEM LOCAL
A história do Forte do Presépio
de Belém, depois também chamado Forte do Castelo do Senhor
Cristo, se confunde com a da história da capital paraense. Francisco Caldeira de Castello Branco
fundou a cidade em 1616. O primeiro edifício da capital do Pará
foi um pequeno forte de taipa.
Como todo forte colonial brasileiro, o do Castelo foi periodicamente abandonado e recuperado,
conforme as ameaças estrangeiras ao país e também com a disponibilidade de recursos -em
geral, pequena.
No século 19, o forte teve sua
forma arredondada e foi criado
um "cavaleiro", uma plataforma
para canhões mais elevada que o
resto da fortificação.
Um fato altamente positivo da
restauração foi a descoberta de
uma bateria baixa para canhões
no local onde antigamente estava
o restaurante do Círculo Militar.
O prédio espúrio foi derrubado e
foram achados não só a bateria
como alguns canhões antigos.
A descoberta mostra que o Império já tinha uma grande preocupação com a Amazônia.
"A descoberta da bateria baixa
foi da maior importância. Considerando quão poucos fortes foram reformados na época da
Questão Christie e que a bateria
foi construída em 1869 -seis
anos depois da questão-, isso dá
uma nova visão sobre a importância relativa de Belém", afirma
o historiador Adler Homero Fonseca de Castro.
A Questão Christie foi um conflito diplomático com o Reino
Unido que revelou a vulnerabilidade do país à "diplomacia das
canhoneiras".
A descoberta implicou mudança no projeto de paisagismo.
Outra interessante descoberta
acabou sendo reenterrada. Foram
achadas partes dos antigos muros
do século 17, mas que depois foram recobertos com terra e grama. Esse aterro foi feito até uma
altura exagerada, eliminando a
diferença de altura do cavaleiro
para o resto do forte.
"Destruíram uma característica
arquitetônica que, se não é única,
é bastante rara. Não entendi também o porque do uso da grama na
estrada coberta. Não tem nada a
ver com o forte original", afirma o
historiador.
Também foi achado um forno
de balas ardentes, raríssimo no
país (só há vestígios de um na fortaleza de Santa Cruz, em Niterói,
segundo Fonseca de Castro). Trata-se de um forno no qual as balas
sólidas de ferro eram esquentadas
para serem disparadas incandescentes para incendiar navios.
O trabalho arqueológico também encontrou os restos de uma
curiosa casa de pólvora de forma
circular, que as plantas antigas já
mostravam. Outro achado foram
os canhões da bateria baixa.
Apesar de uma fortaleza ser feita para abrigar canhões, ironicamente eles não são tombados
conjuntamente.
(RBN)
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