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SAÚDE
Médicos consideram que a expectativa exagerada e o desconhecimento dos riscos são obstáculos à operação
Cirurgia a laser não leva a "visão perfeita"
VANESSA ALVES BAPTISTA
DA REDAÇÃO
Talvez ainda seja raro no Brasil
ir a um shopping fazer uma cirurgia a laser para corrigir problemas
visuais, como já ocorre nos EUA.
Mesmo sem essa popularidade, a
operação tem se tornado uma escolha comum no país e é considerada pelos médicos um procedimento eficaz. Mas é uma expectativa exagerada em relação ao resultado que costuma decepcionar
os pacientes -e pode até ser um
obstáculo à realização da cirurgia.
Além disso, algumas pessoas
não são boas candidatas à operação e devem evitá-la. Problemas
na córnea, catarata ou alto grau de
ametropia (problema visual) desqualificam os interessados nas cirurgias Lasik e PRK, as mais feitas
no Brasil e nos EUA, país que operou por volta de 1,8 milhão de pessoas em 2002. Aqui estima-se que
tenham sido cerca de 200 mil.
"Em 80% dos casos de pacientes
infelizes [com os resultados da
operação], não há nada de errado
com a cirurgia, mas havia de errado com as expectativas", afirma
Wallace Chamon, 39, professor livre-docente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Numa cirurgia com preocupação sobretudo estética, nem sempre o resultado é "perfeito". "Pode haver complicações inerentes a
qualquer cirurgia, como não "zerar o grau" e dificuldade com a visão noturna", diz Myung Kyu
Kim, 46, professor-assistente da
Faculdade de Medicina do ABC.
Para Paulo Schor, 38, presidente
da Sociedade Brasileira de Laser e
Cirurgia Refrativa, existem dois
extremos de expectativa que são
preocupantes: "O medo paralisante, quando o paciente pensa
"Não vou fazer a cirurgia porque
vou ficar cego", ou, ainda pior,
quando pensa "Vou fazer porque
é igual a trocar de roupa'".
Quando fez a cirurgia (Lasik)
para corrigir seus dez graus de
miopia em 2001, a publicitária
Marina Yoshida, 36, não se encaixava em nenhuma dessas descrições, mas desconhecia os riscos.
"Vim a saber depois que a operação não é indicada para miopia alta [leia texto nesta página]."
Ela teve problemas de cicatrização, ficou com a visão embaçada
por cinco meses e teve de fazer
uma nova cirurgia. "Fiquei deprimida e cheguei a pensar que não
poderia mais trabalhar." Hoje a
publicitária ainda usa óculos para
os cerca de dois graus de miopia
que restaram após a cirurgia.
Hipocorreção (quando sobra
grau) e hipercorreção (correção
acima do ideal) são duas das complicações mais comuns. O paciente ainda tem, nesses casos, de usar
óculos ou lentes e pode fazer nova
cirurgia -chamada de retoque.
"O ideal é esperar ao menos seis
meses para fazer o retoque; e o
grau deve ficar estável nesse período", diz o médico orientador
do setor de cirurgia refrativa da
Unifesp, Carlos Filipe Chicani, 35.
Com cinco graus de miopia e
um de astigmatismo, o jornalista
Luiz Alberto Pandini, 34, diferentemente de Marina Yoshida, não
teve nenhum tipo de complicação
pós-operatória. Antes de finalmente decidir-se pela cirurgia,
entretanto, ele tirou todas as dúvidas dele com o médico. "A minha
visão atual é boa, mesmo sem
óculos e lentes de contato."
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