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Greve de servidor responde por 82% das horas paradas
Das 316 paralisações no país em 2007, metade ocorreu no setor público, diz estudo do Dieese; maior parte é por reajuste salarial
De acordo com o instituto, falta de negociação do funcionalismo com o governo e estabilidade no emprego explicam resultado
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais da metade das 316 greves realizadas no ano passado
no país ocorreu no setor público. Os servidores foram responsáveis por 82% das 28,5 mil
horas paradas, segundo levantamento divulgado ontem em
São Paulo pelo Dieese.
O que explica a concentração
de greves nesse setor ainda é a
falta de negociação entre os governos federal, estadual e municipal e o funcionalismo público, além da estabilidade no emprego. As paralisações envolveram diversas categorias e tiveram longa duração.
O crescimento da economia e
a busca por melhores salários
fizeram com que o número total de paralisações crescesse
4,7% entre 2004 -ano em que
o departamento iniciou o estudo "Balanço das Greves"- e
2007, apontam os técnicos do
Dieese. Há quatro anos, os brasileiros foram responsáveis por
302 paralisações. Em 2005,
aconteceram 299 greves no
país. Em 2006, foram 320.
As greves no setor público
-realizadas no funcionalismo
e nas empresas estatais- diminuíram em número de paralisações (185 em 2004 para 161
em 2007) e de grevistas envolvidos (826,1 mil para 713,2 mil
manifestantes). Em sua maior
parte, ocorreram na região
Nordeste, principalmente em
Alagoas, na Bahia e no Piauí.
As paralisações que mais se
destacaram no setor público foram a dos professores e funcionários da rede estadual de ensino do Rio (com a adesão de 72
mil pessoas) e a dos empregados das universidades federais
do país (com 94 mil grevistas).
No setor privado, por sua vez,
as paralisações aumentaram
entre 2004 e 2007 em número
de greves (de 114 para 149, o que
representa incremento de
31%). A maior parte se concentra na região Sudeste.
As greves na indústria, no setor de serviços e na área rural
também registraram aumento
significativo na participação de
grevistas envolvidos. Eram
249,2 mil em 2004 e passaram
para 641,8 mil em 2007, o que
representa um crescimento de
157%, segundo mostra o levantamento do Dieese.
"A economia melhora, as empresas lucram mais e o trabalhador quer colocar no bolso o
resultado desse crescimento.
Como o emprego está protegido pelo crescimento do país, a
luta é por mais salário", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do departamento.
Entre as paralisações de
maior destaque no setor privado, o Dieese cita uma greve nacional de metalúrgicos, com
170 mil trabalhadores, e outra
realizada em São Paulo, com
190 mil manifestantes.
Das 149 paralisações que
ocorreram no ano passado no
setor privado, 26,3% foram na
indústria, 19,65 no setor de serviços e 1,3% na área rural.
Motivações
Na lista das principais reivindicações que motivaram as greves em 2007, o reajuste salarial
responde por 48,7%. Entre os
18 motivos citados, os que ocupam as primeiras posições do
ranking se referem a questões
salariais -além do reajuste, foram citados plano de cargos e
salários, auxílio-alimentação,
piso salarial e participação nos
lucros e resultados.
"As mobilizações têm sido
mais propositivas, no sentido
de sugerir a introdução de novas conquistas ou a melhora
das condições em vigência, do
que defensivas, como as que se
colocam contra o descumprimento de direitos ou pela manutenção das garantias já existentes", afirma Ganz Lúcio. O
estudo destaca que, em 61,4%
das greves de que se teve informação sobre o resultado (145),
as reivindicações foram total
ou parcialmente atendidas.
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