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CRESCIMENTO REMENDADO
Com aumento da demanda, indústria eletroeletrônica teme falta de insumos e antecipa pedidos
Empresa reforça estoque para evitar escassez
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Fabricantes de TVs, celulares e
computadores traçaram estratégias de emergência para tentar se
antecipar ao risco de escassez de
insumos, como o que ocorreu no
setor automobilístico. Empresas
mudaram a carteira de produtos
e/ou começaram a elevar um pouco o estoque para evitar gargalos.
A Folha levantou exemplos que
mostram movimentos nesse sentido. Não há tubos de monitores
de 15 polegadas disponíveis no
mercado há meses, e a situação
não dá sinais de que possa se normalizar em breve. Duas soluções
foram encontradas pelos compradores do produto: elevar os
pedidos de monitores com telas
de cristal líquido -mercadoria
cara e para poucos- e reforçar a
compra de monitores maiores, de
17 polegadas, nos últimos meses.
No ano passado, 3% das vendas
de monitores no país foram com
tela de cristal líquido. Os analistas
da área, como os da consultoria
IDC, esperam alta de 90% sobre
esse resultado em 2004.
Os primeiros sinais de falta do
monitor de 15 polegadas apareceram em dezembro de 2003, e a situação piorou durante 2004, explica Moisés Nunes, sócio-diretor
da Waytec, que detém 31% do
mercado de monitores de cristal
líquido. "Se eu tivesse 30 mil unidades desse tubo hoje, venderia
num piscar de olhos", diz ele.
Demanda elevada pela mercadoria no mundo, expansão da
venda de computadores no país e
a redução na produção do tubo
-como parte da estratégia dos
fabricantes de mudarem seu portfólio de produtos- acabaram
contribuindo para esse cenário.
"As indústrias estão esbarrando
em problemas e tendo de se replanejar. Não deve, porém, haver falta de mercadorias", diz César Rochel, gerente de economia da Abinee, entidade do setor eletrônico.
Por avião
A indústria de TVs volta a ter de
driblar gargalos antigos neste ano.
A Folha apurou que os fabricantes já cogitam a possibilidade de
voltar a trazer componentes importados por via aérea a partir de
outubro. Isso para ter insumos
nos galpões e atender os pedidos
para o Natal. A entrada desse insumo no país é feita por navios
-econômico, mas demorado.
O sinal amarelo disparou com a
expansão da procura. O setor já
fabricou e vendeu, no primeiro
semestre, 3,5 milhões de TVs no
país. Já se discute entre os empresários ligados à Eletros, associação de fabricantes, a possibilidade
de o setor produzir 7 milhões neste ano. Se atingir a marca, será o
terceiro melhor desempenho do
setor. Em 1996, foram 8,5 milhões;
no ano seguinte, 7,8 milhões. "Esperávamos crescer de 10% a 15%
neste ano. Mas já trabalhamos
com a hipótese de alta de 25% a
30%", diz Luís Freitas, diretor de
vendas da Semp Toshiba.
Há uma outra solução colocada
em prática: elevar ligeiramente os
estoques de insumos importados.
É uma medida de proteção. O
Brasil não é um comprador de
grandes volumes nos mercados
internacionais, e o problema é
que ocorre hoje uma expansão
forte na demanda mundial. Nessa
situação, a tendência é que os fornecedores globais atendam, em
primeiro lugar, os seus grandes
mercados compradores. "Para as
empresas, resta comprar antes e
formar um estoque", conta Carlos
Mello, diretor de vendas em celulares da LG. "Já garantimos nossa
compra para o quarto trimestre."
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