São Paulo, segunda-feira, 01 de setembro de 2008

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Só 22 ações do Ibovespa têm ganho maior que poupança

Principal índice da Bolsa caiu 12,8% no ano, contra ganho de 4,9% da poupança

Setor de siderurgia é dos poucos com bons ganhos entre as 66 ações do Ibovespa; eleição americana e China geram incertezas

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Das 66 ações que compõem o índice Ibovespa, apenas 22 têm rentabilidade superior ao CDI e à caderneta de poupança neste ano. Ações dos setores de siderurgia e energia elétrica tiveram melhor desempenho neste ano, enquanto papéis dos setores de petróleo, mineração, bancos e construção registraram resultados bem negativos.
No panorama do Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo), no entanto, há papéis com alta em setores de desempenho ruim.
O levantamento comparativo da rentabilidade acumulada neste ano até a sexta-feira passada dos papéis do principal índice da Bovespa é de Einar Rivero, da consultoria Economática. O Ibovespa caiu 12,84%, enquanto a poupança rendeu 4,90% e o CDI, 7,54%.
Setembro, mês em que terminam as férias de verão no hemisfério Norte, costuma ser propício à melhora no mercado. Foi assim no passado, quando papéis de maior peso no índice tiveram altas expressivas.
Uma retomada significativa, porém, é mais provável a partir de outubro, segundo analistas. Isso, se ficar claro que o crescimento da China continuará acelerado, sustentando o preço das commodities.
"Persistem a desconfiança no setor financeiro e a volatilidade nos preços de matérias-primas, que dependem da formação de consenso sobre a China, o que pode levar mais um pouco de tempo", afirma o consultor Luiz Antonio Vaz das Neves.
Para outros, a melhora não deve vir antes das eleições americanas e de uma definição da política econômica do novo presidente dos EUA.
O setor siderúrgico é um dos que tem tido até agora bom desempenho, apesar das oscilações das commodities, porque investidores consideraram que a economia interna continuaria aquecida, segundo analistas.
Ações de siderurgia podem perder espaço à medida que comecem a aparecer os efeitos da alta de juros e que haja atração para a substituição das ações que mais subiram ou que caíram menos. "Quando Petrobras e Vale, que perderam muito, começarem a subir, o investidor vai comprá-las e vender papéis que subiram ou não recuaram", diz Vaz das Neves.
"Essa alta em 2008 já foi mais forte, e o aço vem derretendo", afirma Marcelo Ribeiro, da Pentágono Asset Management.
Já o setor elétrico é considerado de defesa porque, de um lado, blinda o investidor do mercado externo, já que depende do mercado doméstico. De outro, protege da alta da inflação, por ter tarifas corrigidas. À medida que o mercado começa a ver possibilidade de o Banco Central parar de subir juros por causa do arrefecimento da inflação, ações do setor tendem a devolver parte do ganho, segundo analistas.
Mineração e o setor de papel e celulose dependerão da formação de consenso sobre o ritmo de crescimento da China, segundo Vaz das Neves.
"Com o estouro da bolha das commodities, todos esses setores perderão receitas. As ações devem continuar a sofrer", diz Ribeiro.

Construção
O setor da construção caiu muito (com exceção das ações da Cyrela), fruto do ajuste para baixo dos preços elevados dos IPOs (oferta inicial de ações), e está com dificuldade de recuperação ainda neste ano.
Ele foi muito beneficiado pelo crescimento do crédito, mas, como empresas do setor de consumo (comércio, alimentos e bebidas), com a retração da liquidez global, aumento dos juros e redução do crescimento, corre o risco de aumento da inadimplência, segundo analistas. Outros setores dependentes de commodities, como o de papel e celulose, dependerão da China.


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