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Só 22 ações do Ibovespa têm ganho maior que poupança
Principal índice da Bolsa caiu 12,8% no ano, contra ganho de 4,9% da poupança
Setor de siderurgia é dos poucos com bons ganhos entre as 66 ações do Ibovespa; eleição americana e China geram incertezas
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Das 66 ações que compõem o
índice Ibovespa, apenas 22 têm
rentabilidade superior ao CDI e
à caderneta de poupança neste
ano. Ações dos setores de siderurgia e energia elétrica tiveram melhor desempenho neste
ano, enquanto papéis dos setores de petróleo, mineração,
bancos e construção registraram resultados bem negativos.
No panorama do Ibovespa
(Índice da Bolsa de Valores de
São Paulo), no entanto, há papéis com alta em setores de desempenho ruim.
O levantamento comparativo da rentabilidade acumulada
neste ano até a sexta-feira passada dos papéis do principal índice da Bovespa é de Einar Rivero, da consultoria Economática. O Ibovespa caiu 12,84%,
enquanto a poupança rendeu
4,90% e o CDI, 7,54%.
Setembro, mês em que terminam as férias de verão no hemisfério Norte, costuma ser
propício à melhora no mercado. Foi assim no passado, quando papéis de maior peso no índice tiveram altas expressivas.
Uma retomada significativa,
porém, é mais provável a partir
de outubro, segundo analistas.
Isso, se ficar claro que o crescimento da China continuará
acelerado, sustentando o preço
das commodities.
"Persistem a desconfiança
no setor financeiro e a volatilidade nos preços de matérias-primas, que dependem da formação de consenso sobre a
China, o que pode levar mais
um pouco de tempo", afirma o
consultor Luiz Antonio Vaz das
Neves.
Para outros, a melhora não
deve vir antes das eleições americanas e de uma definição da
política econômica do novo
presidente dos EUA.
O setor siderúrgico é um dos
que tem tido até agora bom desempenho, apesar das oscilações das commodities, porque
investidores consideraram que
a economia interna continuaria aquecida, segundo analistas.
Ações de siderurgia podem
perder espaço à medida que comecem a aparecer os efeitos da
alta de juros e que haja atração
para a substituição das ações
que mais subiram ou que caíram menos. "Quando Petrobras e Vale, que perderam muito, começarem a subir, o investidor vai comprá-las e vender
papéis que subiram ou não recuaram", diz Vaz das Neves.
"Essa alta em 2008 já foi mais
forte, e o aço vem derretendo",
afirma Marcelo Ribeiro, da
Pentágono Asset Management.
Já o setor elétrico é considerado de defesa porque, de um
lado, blinda o investidor do
mercado externo, já que depende do mercado doméstico. De
outro, protege da alta da inflação, por ter tarifas corrigidas. À
medida que o mercado começa
a ver possibilidade de o Banco
Central parar de subir juros por
causa do arrefecimento da inflação, ações do setor tendem a
devolver parte do ganho, segundo analistas.
Mineração e o setor de papel
e celulose dependerão da formação de consenso sobre o ritmo de crescimento da China,
segundo Vaz das Neves.
"Com o estouro da bolha das
commodities, todos esses setores perderão receitas. As ações
devem continuar a sofrer", diz
Ribeiro.
Construção
O setor da construção caiu
muito (com exceção das ações
da Cyrela), fruto do ajuste para
baixo dos preços elevados dos
IPOs (oferta inicial de ações), e
está com dificuldade de recuperação ainda neste ano.
Ele foi muito beneficiado pelo crescimento do crédito, mas,
como empresas do setor de
consumo (comércio, alimentos
e bebidas), com a retração da liquidez global, aumento dos juros e redução do crescimento,
corre o risco de aumento da
inadimplência, segundo analistas. Outros setores dependentes de commodities, como o de
papel e celulose, dependerão da
China.
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