|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empreiteiras brasileiras vão para Venezuela no rastro da Odebrecht
Apesar de problemas de Chávez com múltis, empresa é a maior do setor no país
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Os ataques do presidente venezuelano, Hugo Chávez, contra empresas estrangeiras são
cada vez mais freqüentes. Mas
as ameaças e as nacionalizações
não parecem assustar as empreiteiras brasileiras.
No rastro da Odebrecht, há
16 anos no país e hoje a maior
empresa do setor, cinco construtoras abriram escritórios na
Venezuela ao longo dos últimos
anos, atraídas pelos petrodólares e pelas obras estatais.
"Estamos participando de licitações, trabalhando da mesma forma que fazemos nos demais países", diz José Claudio
Daltro, diretor de administração da Odebrecht na Venezuela, ao ser questionado sobre
trabalhar para um governo que
se diz socialista. Com obras no
país que somam US$ 3,5 bilhões e 14 mil funcionários, a filial da Odebrecht na Venezuela
é hoje uma das mais importantes entre os 14 países que atua.
Chávez, que atravessa uma
relação tumultuada com multinacionais por causa das nacionalizações, costuma chamar o
presidente da construtora,
Emílio Odebrecht, de "amigo" e
confia à empresa algumas de
suas obras mais estratégicas.
Ao longo das últimas semanas, Chávez realizou dois programas dominicais de TV, o
"Alô, Presidente", em canteiros
da Odebrecht: a terceira ponte
do rio Orinoco, de quase 5 km, e
o Metrocable, experiência importada de Medellín (Colômbia) que usa um sistema de teleférico para transportar moradores de uma favela de Caracas.
Chávez conta com o Metrocable para ser seu grande trunfo eleitoral na capital nas eleições regionais de novembro.
"Temos uma presença forte
na Venezuela porque conquistamos a confiança e a preferência do cliente ao sermos cumpridores", afirma Daltro.
Localizado na favela de San
Agustín, o Metrocable terá cinco estações ligando o morro a
duas estações de metrô e capacidade para 15 mil passageiros
diariamente. Inclui um ponto
panorâmico planejado para ser
atração turística, apesar de a
região ser uma das mais violentas de Caracas.
Os contratos vultosos da
Odebrecht e convites do próprio Chávez fizeram com que
outras cinco empreiteiras brasileiras se interessassem pelo
mercado venezuelano. Mas a
maioria delas até agora não tem
contratos assinados.
A principal exceção é a Andrade Gutierrez, que acaba de
fechar a construção de um estaleiro no leste do país.
Representantes das empresas brasileiras e profissionais ligados ao setor afirmam que, se
a Venezuela tem recursos
abundantes e grandes carências em infra-estrutura, não faltam problemas. Os mais citados são as conflituosas relações
trabalhistas, a insegurança jurídica, o rígido controle do
câmbio e a alta rotatividade de
funcionários do governo. As
empreiteiras são obrigadas a
contratar diretamente sindicatos e cooperativas, que por sua
vez se encarregam da contratação de trabalhadores.
Já o controle de câmbio dificulta a importação de material.
A autorização oficial pode levar
até dois meses. A relação com o
governo tampouco é fácil. As
decisões costumam atrasar devido às constantes trocas na cúpula, e representantes do governo costumam não aparecer
em reuniões.
Texto Anterior: Crédito habitacional em alta deve sustentar o crescimento Próximo Texto: Folhainvest Só 22 ações do Ibovespa têm ganho maior que poupança Índice
|