|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Consultoria não vê efeito do juro na inflação
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao contrário do que afirma o
governo, os aumentos de juro não
teriam conseguido brecar a subida da inflação durante o Plano
Real. Um estudo da ABM Consulting comparando a evolução da
taxa básica da economia, a Selic,
com a inflação medida pelo IGP-DI mostra que juro e inflação caminharam juntos.
"De julho de 94 a janeiro de 99,
quando o câmbio era controlado,
se a Selic subia, a inflação também
subia numa correlação de 72%",
explica Alan Marinovic, analista
da consultoria.
Segundo Marinovic, "no mínimo o juro não levou à queda da
inflação, pois a correlação positiva entre os dois indicadores é
grande". Após a liberação do
câmbio, em janeiro de 99, essa
correlação diminuiu.
Mas se observa que a Selic foi
caindo até outubro de 98 e a inflação também caiu. Nesse período,
segundo Marinovic, a correlação
entre os dois indicadores é menor
porque é o câmbio que passa a ter
impacto sobre a inflação. "O que
temos assistido nos últimos anos
é uma inflação de custos, provocada pela alta do dólar", diz ele.
Para Alberto Borges Matias, sócio-diretor da ABM Consulting,
os dois últimos aumentos da Selic,
feitos pelo Copom, não encontram lógica na teoria econômica.
"A inflação não é recorrente. As
projeções são de recuo do dólar e
a inflação começa a dar sinais de
desaceleração", diz. Dados da segunda prévia do IGP-M, da FGV
(Fundação Getúlio Vargas), mostram que os preços das matérias
primas estão perdendo fôlego.
Essa visão é contestada por outros especialistas. João Augusto
Frota Salles, analista da Lopes Filho, diz que "nada indica que a inflação irá baixar em 2003 e, com
isso, teremos juro real negativo".
A principal frente de luta do novo governo, diz, será conter pressões inflacionárias via aumentos
salariais e do mínimo. "Enquanto
não se fizer as reformas tributária
e da Previdência a taxa de juros
não cai", diz.
(SB)
Texto Anterior: Juros só caem com redução do spread bancário Próximo Texto: Bancos privados já estão prontos para emprestar mais, diz Febraban Índice
|