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NA PRAÇA
Público corre atrás de prêmios
DA REPORTAGEM LOCAL
As pessoas que foram à festa da
Força Sindical, ontem, em São
Paulo, queriam ver os artistas e
participar de sorteios de carros,
apartamentos e viagens. Amontados próximos ao palco, alguns
dos presentes mal tinham idéia do
que é uma central sindical.
Maria Margarida Jesus dos Santos, 42, doméstica, levou ao evento dez cupons para concorrer a
prêmios. ""Vamos ver se dou sorte, já que vivo com um salário mínimo. Trabalho aos sábados e faço unha para melhorar a renda do
mês." Ela considerou uma ""vergonha" o aumento de R$ 20 para
o salário mínimo (que foi a R$
260), anunciado na quinta.
Alzira Maria Santana, 52, metalúrgica há 30 anos, filiada ao sindicato de sua categoria, disse que
foi ""pouca vergonha" o presidente Lula, ""que era metalúrgico", estabelecer um reajuste ""tão baixo
para o salário mínimo".
Ana Clécia dos Santos, 21, empregada doméstica, que levou os
dois filhos para ver os shows, disse: "Não tenho a menor idéia do
que é a Força. Vim para ver o
KLB", disse Ana Clécia, que recebe R$ 400 para cumprir uma jornada de oito horas por dia.
Todos eles queriam ter pelo menos a sorte de Luciano Luiz Fenich, 33, pai de cinco filhos -o
mais velho, de 17 anos. Morador
do Itaim Paulista, zona leste de
São Paulo, Fenich chegou ao
evento às 8h30. Preencheu oito
dos cupons distribuídos pelos organizadores. Ganhou uma viagem, sem acompanhante, de uma
semana para Porto Seguro (BA).
""Queria ter ganho um carro, para poder trabalhar", disse o ex-tecelão que, desde 1995, trabalha fazendo bicos como montador de
estruturas. O premiado perguntou aos organizadores se, em vez
da viagem, poderia receber o
equivalente em dinheiro.
""Não mudou nada do Fernando
Henrique para o Lula. Mas a culpa
não é só do Lula. Não vim protestar, vim por causa do prêmio."
O aposentado Milton Domingos, 68, tinha esperança de que
um de seus dez cupons fosse sorteado. ""Sou aposentado, mas tenho que trabalhar para sustentar
três filhos desempregados. Eles
não conseguem um serviço há
dois anos. O aumento de R$ 20 do
mínimo foi um roubo. Não dá
nem para comprar Voltaren [um
antiinflamatório]."
(FF E JAD)
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