|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Crescimento no desembolso neste ano pode indicar que demitidos de 2004 tinham salários mais altos e maior escolaridade
Menos desempregados ganham mais seguro
JULIANNA SOFIA
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os gastos do governo com o pagamento do seguro-desemprego
aumentaram 18% no primeiro trimestre deste ano em relação ao
mesmo período do ano passado,
embora o número de trabalhadores que recebem o benefício tenha
apresentado queda de 36%.
Apesar de o reajuste de 20% para o salário mínimo em abril do
ano passado ter sido o principal
fator para o aumento nos gastos, o
Ministério do Trabalho começa a
dissecar os números para verificar uma suspeita: as demissões
nos primeiros meses do ano atingiram principalmente trabalhadores com maior renda e escolaridade mais alta.
"Essa hipótese está sendo analisada. Ainda estamos fazendo um
estudo mais profundo. Mesmo
que haja confirmação, não vejo isso como uma tendência para o
resto do ano", afirmou o diretor
do Departamento de Emprego e
Salário, Carlos Augusto Gonçalves. "A recuperação de alguns setores da economia sugere uma
melhoria na qualidade do emprego, embora não de forma quantitativa", completa.
Entre janeiro e março do ano
passado, 1,26 milhão de trabalhadores receberam parcelas do seguro-desemprego. Nos três primeiros meses deste ano, o número caiu para 808,9 mil pessoas. A
queda no total de beneficiários indica uma redução no número de
demissões no período.
Os dados de março, no entanto,
ainda são parciais. "Deve haver
ainda uma grande variação nos
números de março, mas a tendência é ficar abaixo dos números de
fevereiro", explicou o diretor
Gonçalves.
Ele acrescentou que somente
com o fechamento dos dados do
primeiro trimestre do ano será
possível falar em uma tendência
consolidada de redução nas demissões no país.
Demitidos com mais renda
Pelo resultado parcial do governo, em março apenas 92.536 trabalhadores receberam o seguro-desemprego. Em fevereiro, tinham sido 336.414 pessoas.
Mesmo que preliminares, os
números de março reforçam a tese de que trabalhadores com
maior renda perderam o emprego no início do ano. No terceiro
mês de 2004, R$ 590 mil foram desembolsados pelo governo para
pagar o benefício. Em fevereiro,
os gastos do governo com essa
despesa chegaram a R$ 502,4 mil.
Em março do ano passado, a
conta foi de R$ 474,1 mil. E esse
montante, menor do que o deste
ano, beneficiou mais que o quádruplo de pessoas: um total de
428.295.
Tanto na comparação com fevereiro deste ano quanto com março do ano passado, os dados mostram que um número muito menor de pessoas teve direito ao benefício em março deste ano, mas a
despesa foi maior.
Some-se a isso o fato de que, da
mesma forma que o total de beneficiários, o valor pago aos trabalhadores ainda deverá apresentar
crescimento quando for fechado
o resultado de março.
Na análise trimestral, os gastos
com o benefício nos três primeiros meses deste ano foi 18% maior
que no mesmo período de 2003.
De janeiro a março de 2003, o gasto foi de R$ 1,401 milhão. Neste
ano, o número preliminar do trimestre é de R$ 1,651 milhão.
"Por enquanto, a análise que fazemos é que o quadro da ocupação não sugere uma trajetória
consistente em empregos de qualidade", disse Gonçalves.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Saiba mais: Benefício para demitidos é pago por até 5 meses Índice
|