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FMI culpa países ricos pela alta da inflação
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Subsídios aos biocombustíveis, principalmente os praticados por países ricos como os
EUA, contribuem para a atual
alta nos preços dos alimentos.
A continuar essa situação, em
que esses incentivos governamentais e a elevação do preço
do petróleo empurram o preços
da comida para cima, alguns
governos não conseguirão mais
alimentar suas populações.
A relação parece óbvia e já foi
citada anteriormente por diversas entidades e países. A novidade é o autor da conclusão: o
Fundo Monetário Internacional, que tem nos Estados Unidos seu maior contribuinte. O
enfoque mais social, ou mais ao
centro, tem o dedo do novo diretor-gerente do FMI, o francês Dominique Strauss-Kahn.
Ao anunciar o estudo "Preços
de Alimentos e Combustíveis
-Desenvolvimentos Recentes,
Impactos Macroeconômicos e
Ações Políticas", ontem na sede
do Fundo, em Washington,
Strauss-Kahn disse: "Não há
uma só resposta, um "tamanho
único" de conclusão, o que às
vezes é conhecido como o tradicional jeito de o FMI pensar".
Pois, de acordo com o "novo"
jeito de o FMI pensar, a atual
equação das coisas deve levar
esses países a uma "situação-limite". "Se os preços de alimentos aumentarem e os do petróleo continuarem iguais, alguns
governos não terão mais capacidade de alimentar suas populações e, ao mesmo tempo,
manter a estabilidade de suas
economias", disse.
Entre os motivos citados pelo estudo, estão subsídios como
o que os EUA concedem aos
produtores de etanol de milho,
atualmente de 45 centavos de
dólar por galão, ou 20 centavos
de real por litro [leia texto ao lado]. "Os subsídios aos biocombustíveis devem ser cuidadosamente revistos, principalmente nos países desenvolvidos",
afirma o estudo.
Segundo o levantamento, a
primeira geração de biocombustíveis promovida por essas
políticas não é uma alternativa
eficiente, seja do ponto de vista
de custos, seja do ambiental.
Além disso, "políticas menos
ambiciosas e mais favoráveis ao
comércio ajudariam a diminuir
a pressão sobre o preço dos alimentos, via redução da competição com os alimentos por recursos e por terra para plantio."
Segundo o estudo, o aumento
da produção do álcool à base de
milho respondeu por cerca de
75% do aumento do consumo
mundial do cereal em 2006 e
2007. O programa brasileiro
não é citado -feito a partir da
cana, o álcool brasileiro é considerado eficiente e não conta
com subsídios governamentais.
Outra conclusão do estudo é
que a alta do petróleo atinge
mais duramente os países pobres. A escalada recente no produto, que teve o preço do barril
triplicado para os atuais US$
140 em menos de uma década,
custou US$ 35,8 bilhões a 59
países de baixa renda -o que
respondeu por 2,2% de seus
PIBs em 2007. O Fundo admite
que há espaço em alguns desses
países para que as posições fiscais sejam afrouxadas, sem que
a estabilidade econômica seja
colocada em grande risco.
Em outros, será necessária a
expansão dos programas sociais e a ajuda externa. O diretor-gerente disse que o FMI já
dá auxílio financeiro adicional
a sete países de baixa renda,
mas ressaltou: "O Fundo não é
uma agência de desenvolvimento. É preciso que outros
também prestem auxílio".
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