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Alta de preços não é culpa da política econômica, diz Mantega
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em exposição reservada aos
líderes dos partidos aliados no
Congresso, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) afastou a
responsabilidade da política
econômica na escalada dos preços e prometeu que "o combate
à inflação não interromperá o
ciclo de crescimento" do Produto Interno Bruto.
No diagnóstico apresentado
pelo ministro, um conhecido
vilão de crises anteriores foi
ressuscitado para levar a maior
parte da culpa pela alta dos alimentos, do petróleo e do aço: os
especuladores, que também
atuam no mercado de commodities. "Os especuladores querem inflação alta; não permitiremos", dizia o texto exibido
em forma de slides aos parlamentares, obtido pela Folha.
A Fazenda não menciona o
aumento dos gastos públicos
nem a escalada do déficit nas
transações de bens e serviços
com o exterior, dois indicadores de mais consumo no governo e no setor privado -o que
ajuda a reforçar as pressões inflacionárias. Ao contrário, afirma-se: "Inflação atual é diferente do passado [sic] que era
causada por desequilíbrios e
déficit público".
O tom do documento ajuda a
ilustrar as divergências na
equipe econômica do final do
ano passado para cá, quando ficaram evidentes a aceleração
da alta dos preços e o buraco
nas contas externas do país.
Enquanto o Banco Central
preferiu elevar os juros, a equipe de Mantega priorizou uma
proposta de criação de um fundo para combater a sobrevalorização da moeda nacional.
No primeiro caso, o medida
do BC tira oxigênio da inflação,
mas tende a sacrificar o crescimento econômico e a piorar as
contas externas, porque juros
altos atraem capital externo especulativo que tornam o dólar
ainda mais barato.
Já a Fazenda, com seu fundo
soberano, quer aumentar a demanda pela moeda norte-americana, o que encareceria os
produtos importados e pressionaria a inflação. "A inflação
sobe, mas está sob controle",
afirma o texto de ontem. Segundo relato de presentes que
pediram anonimato, Mantega
previu, na reunião, que o IPCA
fechará o ano dentro do teto
permitido de 6,5% -dois pontos percentuais acima da meta
perseguida pelo BC.
Na tarefa de arbitrar entre as
duas visões de sua equipe, o
presidente Lula tem apontado
a inflação como a principal
preocupação imediata do governo.
(MCC, GP e VC)
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