São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Produção de máquinas cresce 17% no semestre

Dado indica maior potencial de expansão da economia

DA SUCURSAL DO RIO

Após a queda de 5,2% em maio, a produção de bens de capital (que inclui máquinas e equipamentos) voltou a crescer com força em junho -7,7% na taxa livre de influências sazonais, segundo o IBGE. No primeiro semestre, a categoria também liderou a expansão da indústria, com alta de 17,1%.
Essa é, segundo especialistas, a melhor notícia da pesquisa do IBGE, pois a maior fabricação de bens de capital indica expansão da capacidade instalada e crescimento potencial futuro da economia. Afasta ainda o risco de pressões inflacionárias de um consumo aquecido sem a contrapartida do aumento da produção.
"Havia a expectativa de que o aumento da importação de máquinas e equipamentos por causa do câmbio favorável representasse uma queda da produção doméstica, o que não se confirmou", diz Leonardo Mello, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O setor de máquinas e equipamentos correspondeu ao segundo impacto positivo na taxa de indústria no primeiro semestre, com alta de 9,4%.
Só ficou atrás de veículos automotores, cuja expansão de 18,4% no acumulado do ano puxou para cima a produção da categoria de bens duráveis -alta de 13,9% no período. De maio para junho, houve incremento de 7% para os duráveis e de 5,1% para a indústria de automóveis -que também liderou o crescimento no setor nesse período.
Outros destaques positivos, no acumulado do ano, ficaram com metalurgia (7,6%) e outros veículos de transporte (33,1%).
Para Mello, o perfil de crescimento do setor industrial será mantido no segundo semestre, com a liderança de duráveis e bens de capital.
Na outra ponta, o real valorizado e a inflação mais alta neste ano restringem a produção de alguns setores. Segundo Sérgio Vale, economista da MB Associados, o aumento do preço dos alimentos, focado em itens essenciais, já afeta a fabricação de produtos supérfluos. "Com os alimentos mais caros, sobra menos renda disponível para outros gastos e muitos setores já se ressentem desse efeito, o que afeta principalmente as famílias de renda menor."
Entre eles, estão os setores de fumo (queda de 11,2% no semestre) e produtos de limpeza (-3,1%). O ramo de bebidas também sofreu com esse efeito e cresceu só 0,3% no semestre.
Para Silvio Sales, coordenador de indústria do IBGE, o câmbio também contribuiu negativamente para o desempenho de alguns setores, ao promover importações e desestimular exportações. Ele citou os ramos de calçados e artigos de couro e a indústria da madeira, cuja produção caiu 5,6% e 11,2%, respectivamente, no primeiro semestre.


Texto Anterior: Brasil cedeu rápido na OMC, afirma negociador argentino
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.