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Infra-estrutura quer incentivo a mercado de capitais
DA REPORTAGEM LOCAL
José Augusto Marques, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base), diz que, por enquanto, o que se vê no governo do PT é um prenúncio de política industrial. "Política industrial tem de mexer com o sistema tributário e o financeiro. Se não, qualquer coisa é bobagem", afirma.
Leia a seguir trechos de entrevista com Marques.
(FF)
Folha - O governo tem chamado os empresários para discutir política industrial?
José Augusto Marques - Existe aqui e ali algum ensaio disso. Foi formado há um mês o fórum de competitividade do setor de bens de capital. Tivemos duas reuniões. O governo apenas começou a ouvir os empresários. Não disse o que pretende fazer.
Folha - Os empresários entregaram propostas para o governo?
Marques - Entregamos um documento para mostrar a situação do setor e suas demandas. Se o governo não elevar o fluxo de investimentos na economia, o setor e o país não vão crescer. O melhor que o governo pode fazer é desonerar a produção e estimular o mercado de capitais.
Folha - O governo Lula já deu algum sinal de que vai ajudar o setor de infra-estrutura?
Marques - O governo tem dito que vai aumentar o índice de nacionalização na montagem das próximas plataformas de petróleo. A próxima plataforma deverá ter índice de nacionalização da ordem de 50%. Na última plataforma que foi construída, esse percentual foi da ordem de 30%.
Folha - O sr. considera isso política industrial?
Marques - Não. Isso não é política industrial. Política industrial tem de mexer com o sistema tributário e o financeiro. Se não, qualquer coisa é bobagem. Não tenho nada contra subsídios, desde que sejam mensuráveis e temporários, como o IPI reduzido para os carros. Caso contrário, eles viram reserva de mercado, o que nunca levou o país a lugar algum.
Folha - O que seria uma política industrial para o Brasil?
Marques - É aquela que desonera a produção, possibilita obter recursos por meio do mercado de capitais e direciona o BNDES para os setores que considera prioritários. Isso já é a base do mecanismo para substituir importações.
Folha - Qual seria o principal estímulo ao setor de infra-estrutura?
Marques - O mais importante para o setor é que o país tenha recursos para investir. Hoje também não há regras claras para o setor de infra-estrutura. Isso desestimula os investimentos, que são, geralmente, de longo prazo.
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