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ESTRUTURA
Participante de fundos quer retorno garantido
DA REPORTAGEM LOCAL
Os trabalhadores que participam de fundos de pensão não
querem que o dinheiro destinado
a complementar suas aposentadorias seja usado como fonte de
recursos baratos para financiar
obras no setor de infra-estrutura.
"Esses investimentos devem ser
condicionados à participação dos
fundos no controle acionário e na
gestão da empresa responsável
pelos projetos", diz José Ricardo
Sassersson, presidente da Anapar
(Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão).
Para isso, entretanto, será preciso mudar a legislação que regulamenta as fundações de seguridade. De acordo com a resolução
2.829/2001 do CMN (Conselho
Monetário Nacional), a participação dos fundos de pensão no capital de uma empresa não pode superar 20%. "A experiência mostrou que não adianta investir de
forma pulverizada em empresas
sem participar das decisões", diz.
Segundo ele, a participação de
representantes dos fundos de
pensão nos conselhos de administração de companhias das
quais são acionistas, muitas vezes,
desagrada aos controladores.
De acordo com a legislação
atual, para ter controle de uma
empresa, os fundos de pensão teriam de se unir em um pool na
hora de investir. "Não podemos
admitir que o fundo entre com dinheiro em um empreendimento
sem poder administrá-lo", acrescenta Sassersson.
Na sua opinião, a decisão de investir ou não em projetos de infra-estrutura, como quer o governo, dependerá também da garantia de retorno desses investimentos. "Há setores rentáveis, como o
de rodovias, e outros que não dão
retorno, como telefonia", diz ele.
Os fundos em geral, trabalham
com rentabilidade baseada em
um índice de inflação mais juros
de 6% ao ano. Hoje esse ganho é
obtido, sem susto, com uma concentração de cerca de dois terços
das aplicações em renda fixa.
Nesse caso, o retorno é garantido pelos títulos do Tesouro e a liquidez do investimento é diária.
Ou seja, o dinheiro pode ser sacado a qualquer momento, enquanto um projeto de uma hidrelétrica
ou de uma rodovia demanda tempo para começar a dar lucro.
"Acredito que para os fundos
investirem em novos projetos na
área de infra-estrutura é preciso
baixar os juros e a economia voltar a crescer", diz Sassersson.
Só assim, segundo ele, os fundos
de pensão poderão diversificar
mais suas aplicações. Na sua opinião, os fundos poderiam participar das licitações de linhas de
transmissão de energia e de ferrovias, por exemplo.
(SANDRA BALBI)
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