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Previsão é que movimento de retirada de capital estrangeiro se intensifique nas próximas semanas
Para analistas, país está menos atraente
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O desarranjo nos principais indicadores do mercado financeiro
na semana passada, com dólar e
risco-país em alta, tende a persistir nas próximas semanas como
resultado de um movimento de
retirada de dinheiro de investidores internacionais do Brasil.
Além da impaciência dos mercados com o ritmo das reformas
(Previdenciária e tributária) e
com o baixo crescimento do país,
a saída de dinheiro reflete também um processo de elevação das
taxas de juro de longo prazo nos
EUA e a expectativa de valorização da Bolsa de Nova York.
A aposta dos investidores na recuperação da economia norte-americana explicaria a ainda limitada debandada do Brasil.
Produção industrial, PIB (Produto Interno Bruto), gastos e renda têm dado sinais positivos suficientes nos EUA para empurrar
para cima a confiança.
Com isso, as taxas de juro pagas
por títulos de longo prazo do Tesouro americano também sobem.
Na mesma esteira, o dólar começa
a se recuperar.
Nas últimas semanas, os títulos
do Tesouro dos EUA de 10 anos
alcançaram uma valorização de
1,6 ponto percentual, projetando
um rendimento de 4,6% ao ano
-pelo fechamento da sexta-feira.
O dólar, por sua vez, teve na semana passada a maior alta em relação ao euro em quase dois anos.
A recuperação acumula 6% desde
meados de junho. Um dólar vale
hoje 1,1267.
""A procura exagerada por ativos no Brasil do início do ano chegou ao fim", afirma Felipe Illanes,
diretor-adjunto da corretora
Merrill Lynch. ""Os investidores
tendem agora a voltar para o mercado americano, que está ficando
mais rentável e seguro."
Para Paulo Vieira da Cunha,
economista-chefe do banco
HSBC, o Brasil vinha se aproveitando de uma situação ""extremamente favorável que vem se modificando com a recuperação norte-americana".
Edwin Truman, ex-secretário-assistente do Tesouro dos EUA
entre 1988 e 2001 e ex-braço-direito de Alan Greenspan no Fed (o
Banco Central dos EUA), afirma,
em entrevista à Folha (leia abaixo), que ""os investidores globais
começam a ficar menos interessados nos mercados emergentes".
Segundo ele, o novo movimento ""talvez" dificulte o processo de
queda de juros no Brasil. ""O Brasil
não está fora de perigo. Precisa ser
muito cuidadoso."
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