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Recuperar tempo perdido será difícil, afirma indústria
DA REDAÇÃO
O atraso do país na busca pelo valor agregado nas exportações pode custar caro e vai exigir muito esforço das indústrias
para se firmarem nesse mercado. É o caso do café, o produto
mais tradicional da balança de
exportações do país.
O Brasil vai conseguir, neste
ano, aumentar em 900% as exportações de café torrado e
moído em relação a 2002,
quando iniciou essas operações. Mas essas exportações representarão receitas de apenas
US$ 40 milhões, valor bem
abaixo dos US$ 3,6 bilhões do
café em grão.
O país começou agora com
essas exportações e disputa um
mercado que está ocupado por
grandes empresas internacionais, diz Nathan Herszkowicz,
do Sindicafé (Sindicato da Indústria de Café do Estado de
São Paulo).
Para César Borges, da Caramuru, "agregar valor tem de ser
uma questão de posição". E o
governo brasileiro tem de mudar essa escalada tarifária.
E é a tributação que inibe as
exportações de produtos derivados de soja. Uma política tributária inadequada e não isonômica com a Argentina faz
com que o Brasil não aproveite
as oportunidades de agregar
valor à produção nacional e às
exportações, segundo Fábio
Trigueirinho, da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias
de Óleos Vegetais).
"Não defendemos a tributação das exportações; ao contrário, propomos a total desoneração das exportações da agroindústria, com eliminação do
ônus do ICMS interestadual e
da contribuição social rural em
isonomia à exportação da matéria-prima", diz Trigueirinho.
Outro setor importante para
a balança comercial e vítima
dos custos dessas tarifas é o de
produtos florestais. As exportações de móveis já ultrapassam
US$ 1 bilhão por ano e estão ganhando novos mercados, principalmente na África e no
Oriente Médio, segundo Carlos
Bacha, pesquisador do Cepea.
Essas exportações poderiam
ser maiores. Mas, devido à tributação interna, as indústrias
brasileiras não conseguem
competir com as chinesas em
alguns segmentos, principalmente no "faça você mesmo".
As indústrias chinesas compram a madeira no Brasil, sem
tributos, industrializam o produto e o revendem, também
sem tributos, para mercados
importantes como os EUA.
Já as indústrias brasileiras
compram a matéria-prima com
ICMS, pagam IPI e têm custos
maiores. Com isso, perdem
competitividade.
Presença crescente
As carnes marcam presença
cada vez maior na balança comercial do agronegócio. Grande exportador em volumes, o
Brasil ainda engatinha na agregação de valor ao produto.
"É pouco ainda [a agregação],
mas mostra grande potencial."
É o que diz André Skirmunt, diretor comercial do Independência S.A. Essa agregação começa com a colocação de porções e cortes especiais nas gôndolas dos supermercados importadores, segundo Skirmunt.
A industrialização, como
pratos prontos e o pré-preparo
da carne que será utilizada pela
indústria final, também é uma
opção de agregação de valor, diz
o diretor do Independência.
Esse é um caminho que as indústrias brasileiras vêm seguindo, diz ele.
(MZ)
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