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Conselheiro da Tenda vendeu ações antes de queda de 66%
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Um acionista com assento no
Conselho de Administração da
Tenda, cuja venda para a Gafisa
foi anunciada anteontem, vendeu o equivalente a R$ 4,643
milhões em ações da construtora pouco antes de os papéis
da empresa "derreterem" até
66% na Bovespa.
Com a venda dessas 430 mil
ações, esse acionista -que não
faz parte do bloco de controle-
reduziu sua participação na
empresa de 1,43% para 1,17%. A
Tenda é controlada pela HPJO
Participações, holding da família de Henrique de Freitas Alves Pinto, que tem 47,15% do
capital.
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) analisa o caso.
A venda das ações ocorreu
entre os dias 10 e 17 de julho,
três semanas antes de a Tenda
divulgar seus resultados do segundo trimestre, no dia 12 de
agosto, que teria decepcionado
os analistas de mercado. À época da venda, os papéis ainda estavam cotados em torno de R$
10 e R$ 11,50 cada.
Desde o balanço, as ações recuaram 60%. Na sexta passada,
dia 29 de agosto, esses papéis
chegaram R$ 3,75, o menor patamar já negociado na Bolsa. A
recuperação no preço só veio
após o anúncio da venda para a
Gafisa, anteontem, quando os
papéis subiram para R$ 4,60.
No mercado, chamou a atenção o fato de que esses papéis
foram vendidos logo após a divulgação de uma informação
considerada positiva. No dia 7
de julho, a empresa divulgou
um comunicado afirmando que
teve recorde histórico de 5.627
unidades vendidas.
"A Tenda teve dificuldade de
cumprir o que prometeu, e o
mercado puniu [suas ações].
Depois dessa onda de IPOs
[aberturas de capital], o mercado ficou mais seletivo e quis ver
resultado, que não foi favorável", disse Ricardo Tadeu Martins, gerente de análise da corretora Planner.
Outro lado
A Tenda não revelou o nome
do conselheiro e afirmou que se
trata de uma pessoa que não
participa do dia-a-dia da empresa e que, portanto, não teria
tido nenhuma informação que
antecedesse a queda no preço
das ações.
"A Tenda informa que a venda de ações por parte de membros de seu conselho ocorreu
de acordo com as regras válidas
para isso. A operação se deu entre os dias 10 e 17 de julho, cerca
de 30 dias antes da divulgação
dos resultados trimestrais da
companhia, que, por sua vez,
vieram a mercado em 12 de
agosto", afirma a assessoria da
empresa.
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