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Bancos mantêm ganhos com tarifas
Receita cresce apesar de regulamentação que impõe limite na cobrança de serviços, segundo pesquisa do BC
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo com as regras mais
rígidas impostas pelo governo,
o faturamento dos bancos com
a cobrança de tarifas bancárias
se manteve em alta no segundo
trimestre deste ano. Entre abril
e junho, o faturamento do setor
com a prestação de serviços a
seus clientes foi de R$ 14,4 bilhões, um crescimento de 2,3%
em relação ao primeiro trimestre e de 6,0% na comparação
com o mesmo período de 2007.
Os números estão em levantamento feito pelo Banco Central nas demonstrações financeiras dos 101 bancos que operam no Brasil. No primeiro semestre, a receita obtida com a
cobrança de tarifas -tanto de
empresas quanto de pessoas físicas- somou R$ 28,5 bilhões,
7,5% a mais do que nos primeiros seis meses do ano passado.
No final de abril, entrou em
vigor nova regulamentação do
CMN (Conselho Monetário
Nacional), que coloca alguns limites na cobrança tarifas. De lá
para cá, os bancos estão impedidos, por exemplo, de cobrar a
TAC (Tarifa de Abertura de
Crédito) e taxas mensais de
manutenção de conta corrente.
As regras um pouco mais rígidas não impediram que os ganhos das instituições financeiras continuassem a crescer. No
segundo trimestre, o setor bancário teve lucro de R$ 13,2 bilhões -alta de 17,2% ante o segundo trimestre de 2007. Entre
janeiro e junho deste ano, o resultado ficou em R$ 25,6 bilhões, 27,6% a mais do que no
mesmo período de 2007.
Luis Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Ratings, diz que ainda é cedo para
medir o impacto total que as
novas regras do CMN terão sobre os balanços das instituições
financeiras, mas que a medida
só terá efeito se for acompanhada por uma mudança de atitude por parte dos clientes.
"Houve tentativa de disciplinamento [na cobrança de tarifas], mas tudo depende da reação do correntista. Tem gente
que não acompanha com atenção o que os bancos cobram",
diz Santacreu, ressaltando que,
no Brasil, a concorrência no setor não é muito grande, o que
facilita os reajustes.
"Os bancos também podem
compensar os limites das tarifas com o aumento de clientes
ou com a prestação de novos
serviços. Também podem compensar com alta nos juros."
Os números do BC mostram
que o resultado apurado pelos
bancos com as operações de intermediação financeira -que
incluem tanto a negociação de
títulos públicos como a concessão de empréstimos- cresceu
mais que o faturamento com
tarifas neste ano. No segundo
trimestre, esses ganhos somaram R$ 29,9 bilhões, valor
11,2% maior que em 2007.
Pesquisa feita pelo BC mostra que, entre janeiro e junho,
os juros médios cobrados num
empréstimo bancário passaram de 37,3% para 39,4% ao
ano, e a expectativa é que o movimento de alta continue por
causa do aumento da taxa Selic.
Mas o aumento no resultado
da intermediação financeira
dos bancos também pode ser
explicado pela expansão da carteira de crédito do setor financeiro nos últimos meses. Ao final de junho, o total de empréstimos disponíveis no país estava em R$ 1,068 trilhão (+33%).
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