São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2008

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Bancos mantêm ganhos com tarifas

Receita cresce apesar de regulamentação que impõe limite na cobrança de serviços, segundo pesquisa do BC

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo com as regras mais rígidas impostas pelo governo, o faturamento dos bancos com a cobrança de tarifas bancárias se manteve em alta no segundo trimestre deste ano. Entre abril e junho, o faturamento do setor com a prestação de serviços a seus clientes foi de R$ 14,4 bilhões, um crescimento de 2,3% em relação ao primeiro trimestre e de 6,0% na comparação com o mesmo período de 2007.
Os números estão em levantamento feito pelo Banco Central nas demonstrações financeiras dos 101 bancos que operam no Brasil. No primeiro semestre, a receita obtida com a cobrança de tarifas -tanto de empresas quanto de pessoas físicas- somou R$ 28,5 bilhões, 7,5% a mais do que nos primeiros seis meses do ano passado.
No final de abril, entrou em vigor nova regulamentação do CMN (Conselho Monetário Nacional), que coloca alguns limites na cobrança tarifas. De lá para cá, os bancos estão impedidos, por exemplo, de cobrar a TAC (Tarifa de Abertura de Crédito) e taxas mensais de manutenção de conta corrente.
As regras um pouco mais rígidas não impediram que os ganhos das instituições financeiras continuassem a crescer. No segundo trimestre, o setor bancário teve lucro de R$ 13,2 bilhões -alta de 17,2% ante o segundo trimestre de 2007. Entre janeiro e junho deste ano, o resultado ficou em R$ 25,6 bilhões, 27,6% a mais do que no mesmo período de 2007.
Luis Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Ratings, diz que ainda é cedo para medir o impacto total que as novas regras do CMN terão sobre os balanços das instituições financeiras, mas que a medida só terá efeito se for acompanhada por uma mudança de atitude por parte dos clientes.
"Houve tentativa de disciplinamento [na cobrança de tarifas], mas tudo depende da reação do correntista. Tem gente que não acompanha com atenção o que os bancos cobram", diz Santacreu, ressaltando que, no Brasil, a concorrência no setor não é muito grande, o que facilita os reajustes.
"Os bancos também podem compensar os limites das tarifas com o aumento de clientes ou com a prestação de novos serviços. Também podem compensar com alta nos juros."
Os números do BC mostram que o resultado apurado pelos bancos com as operações de intermediação financeira -que incluem tanto a negociação de títulos públicos como a concessão de empréstimos- cresceu mais que o faturamento com tarifas neste ano. No segundo trimestre, esses ganhos somaram R$ 29,9 bilhões, valor 11,2% maior que em 2007.
Pesquisa feita pelo BC mostra que, entre janeiro e junho, os juros médios cobrados num empréstimo bancário passaram de 37,3% para 39,4% ao ano, e a expectativa é que o movimento de alta continue por causa do aumento da taxa Selic.
Mas o aumento no resultado da intermediação financeira dos bancos também pode ser explicado pela expansão da carteira de crédito do setor financeiro nos últimos meses. Ao final de junho, o total de empréstimos disponíveis no país estava em R$ 1,068 trilhão (+33%).


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