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VAREJO VIRTUAL
Comércio on-line tem deflação em setembro e reajuste menor que o IPCA; setor pode crescer 52% no ano
Vendas na internet disparam e preços caem
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois da quebradeira das lojas
"virtuais" em 2002 e 2003, o comércio on-line registra uma safra
de bons resultados neste ano. O
gasto médio por internauta já supera o valor recorde registrado no
último Natal.
A quebra dos anos anteriores
forçou o setor a reduzir custos.
Agora que as vendas disparam,
impulsionadas pelo aumento no
número de internautas, a estrutura mais enxuta permite repassar
benefícios. Maior prova disso é
que a inflação nas lojas on-line é
menor do que a do comércio em
geral. Em setembro houve até deflação no "e-commerce".
"Hoje o consumidor vai para a
rua, pesquisa os preços, volta para
casa e compra na internet", afirma Pedro Guasti, diretor da consultoria E-bit.
Neste ano, o chamado e-flation
(Índice de Inflação na Internet)
acumula alta de 6,3% até agosto.
O número é calculado pelos economistas do Provar (Programa de
Administração de Varejo) da USP
(Universidade de São Paulo). O
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice do IBGE
que apura a inflação no varejo, verifica alta de 16,77% no período.
A base analisada dos dois índices (IPCA e e-flation) foi a mesma. Foram alvos do levantamento
os aparelhos eletrônicos, de informática, CDs, livros não-didáticos
e utensílios domésticos.
O último dado a respeito da inflação virtual corresponde ao mês
de setembro e atingiu deflação de
1,82%. Ainda não há dados do IPCA para a variação dos preços no
varejo para o mesmo mês. Mas
certamente não trará deflação.
O Provar consegue levantar essas taxas com base em uma pesquisa feita nos três sites mais visitados em cada segmento de consumo. São levantados os preços
de 81 produtos. Para se chegar a
uma taxa final, cada segmento
tem peso diferente para o cálculo.
As taxas inflacionárias são diferentes porque se tratam de canais
de venda com diferentes políticas
de relacionamento com fornecedores e com estruturas de gastos e
fôlego financeiro próprios para
bancar preços mais competitivos.
Como as vendas virtuais dispararam nos sites que sobreviveram
à enxurrada de falências em 2002
e 2003, o volume comprado pelas
empresas deu um salto. Com
mais encomendas, passaram a
conseguir descontos substanciais
dos fornecedores desde 2003.
Devido aos custos físicos menores -não têm de pagar por pontos comerciais nem ter rede grande de funcionários-, os sites têm
menos gordura e a chance de repassar essa vantagem ao cliente.
Além disso, o setor tem uma dinâmica própria que ajuda a conter preços. Se uma loja de departamento promove forte queima
de estoques por um período, essa
estratégia puxa os outros sites.
Já o comércio tradicional mantêm uma estratégia de preços que
passa, basicamente, pela ampliação dos prazos de pagamento. Os
juros, em ambos os casos, estão
no mesmo patamar.
Mais pedidos
Campanhas promocionais
agressivas foram uma das principais estratégias para manter as
vendas virtuais num alto patamar
neste ano. Em setembro, segundo
dados obtido pela Folha, as vendas on-line no país atingiram R$
150 milhões, uma alta de 49% sobre mesmo mês de 2003. A consultoria E-bit, de pesquisa on-line,
fez o levantamento. Os dados são
coletados com de 40 a 45 mil
usuários de internet a cada mês.
A E-bit estima que o comércio
virtual no Brasil fature neste ano
R$ 1,8 bilhão. É como se, por dia,
os internautas brasileiros gastassem R$ 4,9 milhões em compras.
No ano passado, foram R$ 3,2 milhões ao dia -o que equivale a
quase R$ 1,18 bilhão no ano. Assim, a estimativa de crescimento
neste ano é de 52,5% sobre 2003.
Em termos de comparação, nas
lojas físicas, o IBGE informou um
aumento de 11,7% nas vendas do
varejo no país até julho em relação a igual período de 2003.
Outro termômetro do setor, o
tíquete médio (valor do gasto médio por cliente) nas lojas analisadas ultrapassou a marca dos R$
300 neste ano. Em agosto, o montante foi de R$ 316. Em dezembro
de 2003, R$ 315.
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