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VAREJO VIRTUAL
Com cliente de alto poder aquisitivo, setor de vendas pela internet demora mais para sentir retração econômica
Renda maior do internauta minimiza crise
DA REPORTAGEM LOCAL
Os diretores de grandes sites de
compra e consultores acreditam
que o crescimento das vendas on-line neste ano, mais expressiva
que a do varejo tradicional, reflete
uma "imunidade" parcial desse
segmento às revezes econômicas.
Com um público consumidor
com renda familiar entre R$ 3.000
e R$ 8.000 -37% dos internautas
estão nesse intervalo, diz pesquisa
da consultoria E-bit-, o varejo
eletrônico tem clientes das classes
de maior poder aquisitivo do país.
E que são menos afetadas pelos
trancos na economia.
"Levantamentos mostram que,
quando a situação complica, é a
classe média baixa que sofre primeiro os efeitos da retração. Até
atingir o nosso público, leva algum tempo", diz Pedro Guasti,
diretor da E-bit.
"Além disso, como esse canal de
vendas é novo no país, ainda há
um mercado grande a ser explorado. Só cerca de 2,5 milhões de
pessoas fizeram uma compra pela
internet uma vez na vida. Nossa
população economicamente ativa
ultrapassa 76 milhões."
O que segura uma expansão
maior do setor é a exclusão digital. Para adquirir um computador
gasta-se, em média R$ 1.800 -a
renda média do trabalhador em
São Paulo está em R$ 999.
O varejo virtual tem pouca relação com o antigo, aquele que nasceu há quatro anos no país e foi
marcado por falhas gerenciais e
problemas na distribuição e logística. Ainda são cometidos erros
-metade das reclamações dos
consumidores se referem a atrasos na entrega-, mas aconteceram mudanças.
Foi ampliado o volume de estoque dos sites de forma que, com o
pedido em mãos, a mercadoria
fosse despachada rapidamente.
Quando a febre dos sites invadiu o
país, as lojas tinham de solicitar a
mercadoria comprada para a indústria e só depois enviavam o
item ao cliente.
A própria cara dos sites foi alterada. Como a base de novos usuários cresceu, foi preciso tornar a
navegação mais simples.
Também houve avanço com a
criação de modelos híbridos de
administração. O Extra.com, por
exemplo, atua de forma conjunta
com a rede Extra na área contábil
e financeira. Mas possui mercadorias que formam um estoque
exclusivo da loja virtual.
Há um ano, cada operação de
compra no Extra.com equivalia a
1,3 itens. Hoje atinge 2,5, em média. É a venda para pessoas jurídicas (empresas) que tem tido altas
maiores na demanda, diz a companhia. O site é a maior loja da rede de varejo Extra no segmento de
DVDs e bicicletas, por exemplo.
"O número de pedidos de pessoas físicas tem crescido de 30% a
35% ao mês neste ano, sobre 2003.
No caso de pessoa jurídica, a demanda dobrou", diz Jonas Ferreira, gerente-geral de comércio eletrônico do Extra.
O Mercado Livre, site de leilões
virtuais, espera alcançar um aumento de 80% do volume total leiloado em relação a 2003. No ano
passado, o montante atingiu R$
270 milhões. Em 2002, foram R$
180 milhões. Segundo a empresa,
a sua receita equivale a 5% do valor negociado pelos internautas.
Receita maior não quer dizer lucro maior. Empresas como Submarino, Extra, Americanas.com e
Mercador Livre dizem, porém,
que atingiram o "break even"
(ponto de equilíbrio, quando
saem do vermelho) nos anos de
2002 e 2003, dependendo do caso.
Mas o otimismo impera: "Não
consigo vislumbrar o momento
em que esse mercado vai parar de
crescer tão rápido", diz Flavio
Jansen, diretor do site de comércio Submarino.
(ADRIANA MATTOS)
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