|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Temor de analistas é desaceleração brusca
DE LONDRES
Economistas são unânimes ao
afirmar que vários sinais apontam para uma desaceleração da
economia mundial. Mas, como
questiona a revista "The Economist" desta semana, em material
sobre o assunto, "ela (a economia) se desacelerará suavemente
ou se chocará contra a parede?".
Tudo vai depender, dizem analistas, de como os principais riscos -que não são poucos- se
equacionarão.
Os que mais preocupam são:
preço do petróleo, possível queda
forte e rápida do crescimento chinês, desequilíbrio dos chamados
déficits gêmeos (fiscal e externo)
dos EUA, estouro da bolha imobiliária em países avançados e do
endividamento excessivo dos
norte-americanos e o perigo de
atentados terroristas.
Para quem vê as análises de fora, chama a atenção o fato de que
cada economista coloca um risco
diferente no topo de sua lista de
preocupações, o que pode significar que alguns perigos estejam
sendo subavaliados nos cenários e
que o problema como um todo
seja maior do parece.
O grupo dos economistas otimistas moderados, no entanto,
aposta que a economia vai se desacelerar de forma suave, sem
grandes efeitos colaterais negativos. A minoria pessimista vota na
hipótese do choque contra a parede, apostando em uma desaceleração brusca.
"Atualmente, o maior risco de
todos, claramente, são os preços
do petróleo", diz James Knightely,
economista do ING Financial
Markets.
Segundo Jim Croft, analista do
Commerzbank, embora alguma
ação especulativa tenha contribuído para a alta, boa parte da
pressão vem mesmo de desequilíbrios entre oferta e demanda. Os
dois analistas, no entanto, apostam em desaceleração lenta da
economia global, sem maiores
efeitos colaterais.
Em relação aos EUA, analistas
prevêem que, depois das eleições,
independente do resultado, o governo terá de reverter a política de
agressivos cortes de impostos que
ajudaram a resgatar a economia.
Outro problema que deverá ser
atacado, dizem, é a questão dos
"déficits gêmeos". "Esse é um
problema bastante preocupante",
diz John Bowler, da EIU.
A dúvida é como a economia
norte-americana reagirá a menos
estímulos e a uma possível elevação mais forte dos juros para atacar os déficits.
Além disso, a China, um dos
principais motores da economia
mundial, é também fonte de dor
de cabeça. O artificialismo da taxa
de câmbio, as fragilidades do sistema bancário e uma bolha imobiliária no país preocupam.
"A bolha imobiliária na China
precisa de uma vasta quantidade
de novo dinheiro para sustentá-la. A política de elevação de juros
do Fed [banco central dos EUA]
tem dificultado a entrada de dinheiro na China. A grande fotografia não sugere que a bolha
imobiliária chinesa pode durar
muito tempo", diz trecho de relatório recente do Morgan Stanley.
A bolha imobiliária chinesa não
é a única que atrai temores. O inchaço do mercado de casas nos
EUA e o endividamento excessivo
dos consumidores do país também continuam representando
riscos consideráveis.
Não bastasse há o temor constante de um atentado terrorista de
grande impacto como os ataques
de 11 de setembro de 2001.
"A instabilidade geopolítica é
um risco muito grande e, o pior
de tudo, imprevisível", diz a economista Paola Subacchi, do instituto britânico Chatham House.
Nesse cenário de tantas fontes
de preocupação distintas, o risco
maior de todos, aponta Wilber
Colmerauer, da Liability Solutions, é que mais de um desses
problemas estoure ao mesmo
tempo, o que, para ele, não é improvável.
(EF)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Previdência: Em novembro, aposentadoria cai mais ainda Índice
|