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Brasil ajuda a "aliviar" o teor de comunicado sobre a Argentina
DE WASHINGTON
O Brasil ajudou ontem a "aliviar" o teor de comunicado final
da reunião do FMI em relação à
Argentina, que teria sido mais duro sem a defesa feita pelo ministro
Antonio Palocci (Fazenda) para
que o tom fosse mais "construtivo" do que crítico. Um dia antes,
comunicado dos países ricos do
G7 havia cobrado da Argentina o
fechamento, "o quanto antes", da
negociação em curso entre o país
e seus credores privados.
No comunicado de seu Comitê
Financeiro de ontem, o FMI elogiou os "avanços" na área fiscal
argentina, saudou os "esforços"
do país para concluir a negociação com seus credores e demonstrou "apoio" às medidas que os
argentinos vêm adotando.
"Nossa política externa é sempre apaziguadora", disse Palocci,
ao ser questionado sobre como
teria agido para defender o país
vizinho em seus encontros.
Dois dias antes, o presidente argentino, Néstor Kirchner, havia
chamado o Fundo de "senhor do
engenho". Ao sair da reunião do
FMI, Palocci disse que houve
"uma grande recepção" às posições do Brasil na reunião deste
ano graças "à credibilidade" da
atual política econômica do país.
Do ponto de vista prático, porém, não houve decisões finais em
relação às duas principais demandas do Brasil. A criação de uma linha especial que possa ser usada
por países sem programas formais com o FMI e a retirada dos
gastos com investimentos em infra-estrutura da conta de superávit primário continuam, segundo
o Fundo, "em estudo".
Palocci afirmou, no entanto,
que "a pedido do Brasil", o Fundo
registrou em seus comunicados e
deve manter nas próximas reuniões assuntos de interesse do
país, como a linha de crédito e novas medidas para o combate à pobreza e à fome mundial. Ele disse
que "valorizou-se muito" a reunião promovida pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva há duas
semanas, onde 106 países firmaram compromisso de buscar formas de financiamento contra a
miséria. Em relação a isso, nada
de prático saiu da reunião. Mas o
assunto foi citado formalmente
no comunicado do FMI.
Riscos ao crescimento
Em entrevista ontem, o diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato,
voltou a dizer que a economia
mundial está se fortalecendo, mas
adotou um tom mais grave em relação aos "riscos" associados à alta do petróleo, à diminuição do
ritmo de comércio mundial e à
sustentabilidade das dívidas dos
emergentes. Rato disse que a prioridade do FMI será prevenir crises
e que os emergentes devem se
ocupar em fazer o mesmo.
(FCz)
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