São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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Estimativa do IIF, que representa as 340 maiores instituições do mundo, é maior que as do BC (4,4%) e do FMI (4%)

Bancos vêem alta de 4,8% do PIB do Brasil

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), representante dos 340 maiores bancos do mundo, prevê que o Brasil crescerá 4,8% em 2004 e 4% no ano que vem.
A projeção para este ano, feita ontem durante reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington, é maior do que as previstas pelo Banco Central (4,4%) e pelo Fundo (4%).
Ao divulgar as previsões, o vice-presidente do IIF e presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, afirmou que "o Brasil nunca esteve, nos últimos 20 anos, em uma situação macroeconômica tão adequada".
"Não lembro de um momento em que tivéssemos uma situação tão tranqüila. Acredito realmente que estejamos entrando em um ciclo de crescimento sustentável. Está tudo certo", disse.
Setúbal afirmou que o crescimento sustentável deve ocorrer apesar de uma projeção negativa para os investimentos estrangeiros diretos no país e um cenário de elevação das taxas de juros.
O IIF previu que o Brasil receberá apenas US$ 8 bilhões em investimentos diretos para o setor produtivo neste ano, valor abaixo dos US$ 9 bilhões de 2003. O ritmo, no entanto, já aumentou no segundo semestre e deve continuar subindo em 2005.

Mais crédito
Setubal previu também que os bancos brasileiros aumentem em 25% a concessão de créditos ao setor produtivo neste ano e em 2005, sustentando a recuperação.
O presidente do Itaú afirmou que a necessidade de aumento dos juros para controlar a inflação deve ser menor se o Brasil optar por aumentar ainda mais a meta atual de superávit primário para abater sua dívida.
O governo elevou recentemente a meta de superávit primário, de 4,25% para 4,5% do PIB.
"Gostaria que o superávit fosse ainda maior. Ajudaria a resolver mais rapidamente o problema da dívida e abriria espaço para a queda dos juros", disse.
Setúbal previu que os juros no Brasil devam permanecer ao redor de 17% ao ano durante 2005. Hoje, estão de 16,25%.
Durante a apresentação dos dados do IIF, o presidente do Citibank e também vice do instituto, William Rhodes, afirmou que a perspectiva de crescimento das economias emergentes neste ano é "a melhor em quase 20 anos".
No geral, os investimentos estrangeiros (produtivos e especulativos) para a América Latina devem somar US$ 37 bilhões em 2004, o que representará menos da metade do previsto para a região da Ásia (US$ 110 bilhões).
Como um todo, os mercados emergentes vão receber US$ 225,9 bilhões em investimentos em 2004 e US$ 229,3 bilhões em 2005. O valor para este ano, quase o dobro do registrado há dois anos, reflete o crescimento médio de 6,2% entre os emergentes.
O IIF previu que o petróleo em alta pode minar o quadro de otimismo no ano que vem.


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