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Integração Pão de Açúcar-Casas Bahia avança
Cade aprova início de fusão operacional entre as redes, mas faz ressalvas para preservar as marcas Casas Bahia e Ponto Frio
Objetivo do Cade é garantir que a fusão dos grupos varejistas possa ser desfeita no caso de uma decisão
final contrária à operação
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo Pão de Açúcar, dono
do Ponto Frio, e as Casas Bahia
assinaram ontem com o Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica) um acordo
que permite a integração operacional das redes Ponto Frio e
Casas Bahia, mas com algumas
restrições. A intenção é preservar a independência das marcas e garantir que o negócio
possa ser desfeito no futuro.
O acordo, chamado de Apro
(Acordo de Preservação de Reversibilidade da Operação), determina que nos 146 municípios em que as redes Ponto Frio
ou Extra Eletro (do Pão de Açúcar) concorrem com as Casas
Bahia nenhuma loja poderá ser
fechada. Se as empresas quiserem fechar algumas das lojas
nessas cidades será preciso pedir autorização do Cade, que
vai julgar caso a caso.
O acordo também obriga as
partes a preservar o nível geral
de emprego nessas lojas, exceto
em caso de mudanças de conjuntura econômica ou decorrentes de alterações próprias à
atividade. A intenção, no caso, é
impedir o esvaziamento de
uma das duas marcas, mantendo lojas semi-ocupadas.
Segundo o relator do caso no
Cade, conselheiro Vinícius
Carvalho, esses municípios respondem por 90% do faturamento das empresas. "Portanto, o remédio dá conta da maior
parte do ativos envolvidos",
disse ele, acrescentando que os
sites das empresas na internet
deverão permanecer funcionando separadamente.
O acordo assinado ontem vale até o julgamento final da operação pelo conselho, processo
que poderá durar um ano.
As marcas Casas Bahia e
Ponto Frio terão que ser mantidas, mas não há nenhuma determinação em relação à bandeira Extra Eletro. Esta deve
ser eliminada, conforme já manifestado por executivos do
Pão de Açúcar.
As companhias foram autorizadas a juntar seus departamentos de publicidade e marketing. Mas a comunicação para o consumidor final terá de
ser feita de forma separada. Os
investimentos em propaganda
também devem ser mantidos
nos patamares compatíveis
com anos anteriores.
Outra exigência do Cade foi
no que se refere a manutenção
das políticas de concessão de
crédito da Casas Bahia e do
Ponto Frio. Os centros de distribuição deverão ser mantidos
em condições de operação, inclusive no que diz respeito aos
empregos, mas seu uso poderá
ser compartilhado.
As empresas poderão obter
ganhos de eficiência e de redução de custos unindo as áreas
operacional, administrativa e
de tecnologia. O único departamento administrativo que precisa ser mantido separado é o
de compras. A negociação com
fornecedores pode ser feita em
conjunto, mas cada rede deve
firmar seu próprio contrato. O
descumprimento dos termos
do acordo pode levar a aplicação de multas que chegam a R$
500 mil, para as empresas, e R$
50 mil, para os dirigentes.
Para o relator, o Apro foi necessário porque há muitas dúvidas sobre o real impacto da
operação. "Não visa paralisar
totalmente a operação. A preocupação é com a manutenção
dos ativos e do marketing, e não
com a estrutura societária."
Em nota, as empresas afirmaram que consideram o acordo um avanço no processo de
aprovação da operação, na medida em que o Cade reconheceu
ser suficiente a adoção de medidas pontuais. "Ressalvadas
essas condições específicas,
Ponto Frio e Casas Bahia poderão adotar todas as medidas necessárias para a integração das
atividades e capturar as sinergias resultantes da operação",
afirma a nota.
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