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Banco vai aumentar crédito às exportações
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) vai concentrar uma porcentagem maior de seus recursos
em financiamento de exportações
para atender à demanda que tem
sido recusada pelo mercado.
"Vamos direcionar os recursos
com o objetivo de atravessar esse
período de instabilidade, causada
também pelo clima eleitoral", disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Sergio Amaral.
Atualmente, o banco direciona
25% de seu orçamento anual de
R$ 28 bilhões para financiar as exportações.
De acordo com o superintendente do BNDES, Renato Sucupira, o banco poderá passar a gastar
até 35% dos recursos com exportações. Com isso, o orçamento de
R$ 7 bilhões para financiar as vendas poderá subir para cerca de R$
10 bilhões.
Valorização do dólar
Com a queda das linhas de crédito externo para empresas brasileiras, os exportadores não estão
conseguindo financiamento.
A falta de crédito tem impedido
que a valorização de cerca de 30%
do dólar somente neste ano alavanque as exportações. De janeiro
a julho deste ano, as vendas externas já diminuíram 7,7% na comparação com o mesmo período
do ano passado.
"No mês passado, já direcionamos 35% dos recursos desembolsados no BNDES para o financiamento das exportações", disse Sucupira. No entanto, segundo ele,
não foi determinado um valor fixo para financiar as vendas porque o governo acredita que a oferta de crédito vai melhorar depois
da assinatura do acordo com o
FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Tão logo o FMI assine o acordo
com o governo, o crédito deverá
se restabelecer. O que estamos vivendo é uma crise de expectativas", afirmou o superintendente
do BNDES.
Temor de calote
De acordo com o ministro Sergio Amaral, os bancos estrangeiros, que concentram a maior parte das linhas de créditos para exportação, não estão renovando
seus contratos com os exportadores por medo de calote.
"O problema que estamos enfrentando não é de falta de liquidez, mas de falta de credibilidade.
Existem incertezas por causa do
que ocorreu na Argentina e por
causa das eleições", disse o ministro.
Para Sucupira, a crise de confiança é mundial e tem sido alimentada pelos escândalos dos balanços das corporações americanas. "Inseguros, os investidores
retiram seus investimentos e os
bancos ficam com menos recursos, e os países em desenvolvimento são os primeiros a serem
afetados."
Segundo ele, o aumento da classificação de risco do país (que mede as chances de calote), que atingiu 2.047 pontos na sexta-feira,
piora o clima de desconfiança.
Além de direcionar mais recursos para financiar as exportações,
o BNDES vai procurar parcerias
com organismos multilaterais. O
banco está negociando com o BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento) e com a CAF (Corporação Andina de Fomento).
Como a CAF tem título de "investment grade", ou seja possui a
menor classificação de risco, o
BNDES está negociando para que
a CAF possa captar recursos no
exterior e repassá-los para o
BNDES financiar exportações para a América do Sul.
Proex
Não é apenas o crédito de bancos estrangeiros que está escasso.
Os recursos do Proex para a modalidade financiamento também
secaram. O Banco do Brasil está
orientando os exportadores a
procurar o BNDES.
Com a desvalorização do real, o
orçamento de R$ 989 milhões do
Proex para o ano não foi suficiente para atender os financiamento
de negócios fechados em dólar. O
dinheiro acabou em junho e o governo aprovou uma suplementação de R$ 98 milhões, que também já foi utilizada.
De acordo com o Banco do Brasil, neste ano, o Proex deixou de
atender uma demanda de crédito
de R$ 450 milhões.
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