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Empresas buscam negociação, e bancos até aceitam alguma perda
DA REPORTAGEM LOCAL
A conversa não anda nada fácil.
Empresas com dívidas em dólares
e seus credores tentam chegar a
um acordo para que as companhias paguem seus débitos. Sem
que, no entanto, isso crie um
rombo nas contas dos grupos.
Bancos aceitam até uma perda
parcial caso consigam receber o
pagamento.
Há três saídas hoje: pagamento
antecipado com desconto, alongamento nos prazos e uso de recebíveis como garantias. As soluções não fogem disso. Um setor
tem mais dificuldade para arcar
com o papagaio: o das elétricas.
A Eletropaulo tem de pagar US$
375 milhões em dívidas até o final
do ano. Contratou em julho o
banco Lazard para chamar os credores e rever os valores, que podem ultrapassar os R$ 400 milhões (ao incluir nessa conta juros
sobre o principal).
A companhia informa que "se
viu obrigada a buscar alternativas
de refinanciamento junto aos
seus credores cujos créditos têm
vencimento programado para o
segundo semestre de 2002".
Quanto a bater o martelo, não há
previsão. As dívidas vencem neste
mês e em setembro.
A Klabin tem US$ 120 milhões
para quitar com data para pagamento fixada nos últimos dias de
dezembro. Diz que vai pagar tudo. "Estamos trabalhando para isso. A idéia é tentar dar os nossos
futuros ganhos com a exportação
como garantia na tentativa de
conseguir um empréstimo de
US$ 100 milhões e pagar esses eurobônus", diz Ronald Seckelmann, diretor financeiro da Klabin, empresa de papel e papelão.
Estudo finalizado no mês passado pelo banco JP Morgan, que faz
uma análise do fôlego das empresas brasileiras para arcar com seus
débitos, informa que não acha
provável que ocorra calote no setor privado brasileiro.
Empresas como a Kaiser -com
dívidas de US$ 80 milhões- e a
Eletropaulo tem como controladoras empresas estrangeiras, que
podem salvá-las num sufoco.
Gerdau e Klabin ainda são exportadores, e tem um hedge natural,
pois recebem em moeda estrangeira. Outras, como Globopar e
Net, já têm dólares em caixa ou estão em processo de negociação.
"O que não pode ocorrer, de jeito nenhum, é um default [calote]
de qualquer nível. Isso criaria um
risco para a imagem das empresas
e do país que seria irreparável",
afirma Cláudia Hausner, do banco Banif Primus.
A situação chegou a esse ponto
porque as companhias, que se endividaram nos últimos anos para
realizar investimentos internos,
não conseguiram moeda no mercado para quitar suas dívidas. Isso
ocorre porque incertezas em relação ao cenário eleitoral fizeram
com que os bancos reduzissem as
linhas de crédito.
(AM)
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