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Se não chover, irrigação será racionada no CE
DA AGÊNCIA FOLHA
Das 11 bacias hidrográficas do
Ceará, seis estão abaixo do limite
mínimo de 30%, comum nas
grandes estiagens. No inverno,
quando as chuvas são mais intensas, o volume de água chega a 70%
da capacidade dos açudes.
Dados da Cogerh (Companhia
de Gestão de Recursos Hídricos)
mostram que só 28,9% do potencial hídrico do Estado estão disponíveis. No início do ano, eram
32,1%. No final da estação chuvosa de 2000, 46,2%. Para o presidente da Fetaece (Federação dos
Trabalhadores da Agricultura do
Estado do Ceará), César Gonbin,
os açudes estão chegando ao nível
crítico. "Se não chover o bastante
nos próximos meses para a recarga, será necessário um racionamento na irrigação em fevereiro."
O tradicional açude do Cedro,
na bacia Banabuiú, tem os sinais
mais nítidos de estiagem e está
completamente seco. Em 96 anos,
só havia atingido índices tão baixos três vezes: em 58, 99 e 2000.
"O Cedro foi superdimensionado, construído com uma capacidade nominal entre 100 milhões e
120 milhões de m3, enquanto o valor ideal seria de 50 milhões a 70
milhões de m3", disse o secretário
estadual de Recursos Hídricos,
Hypérides Pereira Macedo.
O Cedro faz parte da história de
combate à seca do Nordeste. Após
a chamada grande seca, 1877 a
1879, os estudos sobre a situação
ganharam um novo impulso.
"Houve um longo período sem
seca de 1845 a 1877, mas após a calamidade provocada por essa estiagem surgiram alternativas como a transposição do rio São
Francisco, o controle do desmatamento nas serras e a açudagem.
Nesse contexto se construiu o
açude do Cedro", disse o professor de história da Universidade
Federal do Ceará Francisco José
Pinheiro. Segundo Pinheiro, a
construção usou mão-de-obra escrava. Baseado na arquitetura européia, notadamente inglesa e
francesa, o açude inaugurado em
1906 foi tombado pelo patrimônio histórico.
(ADRIANA CHAVES)
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