São Paulo, domingo, 04 de novembro de 2001 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEM ÁGUA E SEM LUZ Lago da barragem da usina, que abastece 70% das hidrelétricas da região, está com 6,3% da capacidade Sobradinho passa pela pior seca em 70 anos
FÁBIO GUIBU DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE Os Estados do Nordeste entraram no mês decisivo do racionamento de energia com a barragem de Sobradinho, a mais importante da região, atingindo os níveis mais baixos de sua história. Segundo a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), a água no local em 1º de novembro representava 6,3% da capacidade, que é de 34 bilhões de m3. Há um mês, o índice era de cerca de 11%. A água acumulada na barragem produz, normalmente, 70% da energia consumida em oito dos nove Estados do Nordeste. O Maranhão é atendido pela região Norte. Segundo a Chesf, Sobradinho fornece água para mais sete hidrelétricas instaladas ao longo do rio São Francisco. A região consome, em média, 5.800 MW. Com o racionamento, esse consumo caiu para 4.900 MW, sendo que 1.300 MW são fornecidos pelas regiões Norte e Sudeste, por meio do sistema interligado de linhas. A situação é preocupante porque a água trazida pelo rio São Francisco é menor do que o volume liberado na barragem para a geração de energia. "É a pior seca na região nos últimos 70 anos", disse o chefe de gabinete da diretoria de operação da Chesf, Roberto Pordeus. Segundo ele, mesmo que chova na cabeceira do rio, em Minas Gerais, a água só chegará à barragem, na divisa dos Estados da Bahia e Pernambuco, em duas semanas. Caso as chuvas não venham, o risco de colapso na geração de energia cresce e as chances de "apagões" na região também. Para afastar a possibilidade, agravada com o aumento do consumo de energia, o governo instituiu dois "feriadões" na região -o primeiro foi em 22 de outubro. Neste mês, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte, o primeiro foi anteontem, dia de Finados. Nos demais Estados, as folgas acontecerão nos dias 16 e 26. O ministro José Jorge (Minas e Energia), disse que o racionamento só acabará quando o nível das barragens atingir entre 45% e 50%, volume que garantiria a produção de energia durante a seca. Para melhorar o fornecimento e preservar as barragens durante a chuva, o governo vai usar usinas móveis montadas em barcaças. As 37 unidades fornecerão 1.000 MW, o equivalente a 20,4% do que o Nordeste está consumindo durante o racionamento. Apesar da situação, a Chesf se diz otimista com a possibilidade de chover nas regiões cortadas pelo rio São Francisco a partir deste mês. Segundo Pordeus, os primeiros indícios de que o "período úmido", entre novembro e abril, poderá ser normal, surgiram há cerca de 20 dias, quando choveu forte na cabeceira do rio. As chuvas aumentaram a água trazida para a barragem, de 590 m3 por segundo, em 30 de setembro, para 1.000 m3 por segundo no dia 30 de outubro. O nível do reservatório continuou a cair, porém mais lentamente. Em setembro, no auge da seca, Sobradinho perdeu quatro pontos percentuais de sua capacidade de armazenamento. Na última semana de outubro, a queda foi de meio ponto percentual. Texto Anterior: Mercados e serviços: Adesão a acordo do FGTS começa amanhã Próximo Texto: Se não chover, irrigação será racionada no CE Índice |
|