São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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Deterioração do crédito é generalizada

DA REPORTAGEM LOCAL

A deterioração do crédito está aumentando tanto em empréstimos para pessoas físicas quanto para empresas. É o que mostram os dados do Banco Central.
Nos primeiros três meses do ano, o volume de transações com cheque especial atrasadas há mais de 90 dias passou de R$ 762 milhões para R$ 819 milhões. No mesmo período, as operações de crédito pessoal que estão na mesma faixa de atraso cresceram 5,8%, as capital de giro cresceram 12% e as de desconto de duplicatas se expandiram 9,5%.
Segundo o economista Ricardo Leal, da Coppead, um indício de que a situação pode piorar ainda mais é que o total de operações com atraso menor-entre 15 e 90 dias- está caindo, enquanto o chamado crédito podre, há mais de 90 dias sem pagamento, cresce.
"Esse é um sinal de que as pessoas já inadimplentes não estão conseguindo saldar suas dívidas e o tempo de inadimplência está aumentando", disse Leal.
A realidade do mercado de crédito neste início de ano está distante do quadro pintado por alguns especialistas no fim de 2001.
Segundo o economista Fernando Cardim, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), havia um excesso de otimismo relacionado ao pequeno contágio sofrido pelo país com a crise argentina:
"No fim do ano passado, houve um alívio porque se acreditava que a Argentina tinha morrido sozinha. Era um certo exagero", disse Cardim.
Segundo o economista, o Brasil continua vulnerável à entrada de capitais para o financiamento das contas externas. Isso fez com que as perspectivas para a economia mudassem muito rápido, conforme as oscilações do mercado externo, principalmente a alta do petróleo, e as incertezas políticas.
"A tendência agora é que os bancos continuem conservadores, aplicando em títulos públicos e restringindo a oferta de crédito", diz Cardim. (EF)



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