|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Argentinos já cortam até futebol
DE BUENOS AIRES
Os argentinos tiveram de alterar radicalmente seus hábitos de
lazer com o agravamento da crise
econômica que assola o país. Restaurante, cinema, teatro, futebol e
outras atividades que sempre fizeram parte da vida dos argentinos
tiveram de ser abandonadas por
grande parte deles.
Uma pesquisa realizada pela
consultoria Braidot & Associados
na Grande Buenos Aires mostra
que 39% dos argentinos deixaram
de ir a restaurantes neste ano. A
queda nas idas ao cinema e ao teatro também é bastante expressiva
e atinge cerca de 33,5% dos argentinos.
A resposta de muitas salas de cinema e teatro foi a de tentar fazer
promoções para não perder o público. O preço do ingresso em alguns cinemas caiu de 8 pesos para
5 pesos.
Em algumas salas de teatro de
Buenos Aires, os responsáveis pelas peças preferiram inovar. Ao
invés de cobrarem um ingresso
que muitos não podem mais pagar, decidiram liberar a entrada e
"passar o chapéu" no fim do espetáculo. Dessa forma, cada um colabora com o que pode.
A utilização de celulares, táxis e
a tv a cabo sofreram cortes médios de 16% no orçamento dos argentinos. Nem mesmo as idas ao
estádio de futebol, uma da maiores paixões dos argentinos, sobreviveram à crise. No ano, 12,5%
dos argentinos optaram por
abandonar as visitas aos estádios
de futebol. Mesmo o consumo de
jornais e revistas foi drasticamente cortado pelos argentinos em
cerca de 29%.
Para Néstor Braidot, diretor da
consultoria Braidot & Associados, encontrar formas alternativas para sobreviver à crise é uma
palavra de ordem para os argentinos hoje. "Lugar de jantar com os
amigos agora é em casa, onde cada um leva o que pode."
O consumo de bebidas alcoólicas foi um dos menos afetados,
mas também não foi perdoado
pelos ajustes feitos pelos argentinos. Aproximadamente 1,5% dos
argentinos passaram a consumir
menos bebidas alcoólicas.
O que tem ajudado na sobrevivência da vida cultural e gastronômica de Buenos Aires é o crescente fluxo de turistas, principalmente do Chile e do Brasil. Atraídos pelo barateamento dos preços
no país após a forte desvalorização do peso nos últimos meses, os
turistas têm ajudado a manter vivas as atrações da capital argentina. Se um jantar para duas pessoas custava cerca de US$ 50 em
dezembro, hoje é possível comer
em Buenos Aires por US$ 15.
(FV)
Texto Anterior: Colapso da Argentina: Classe média faz fila por salário de US$ 46 Próximo Texto: Comércio exterior: Argentina emperra acordo Mercosul-Europa Índice
|