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País deve abrir novo caminho, vê economista
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Ricardo Carneiro
diz que o governo brasileiro deve
correr o risco de não renovar o
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que vence
em dezembro. "O governo deve
buscar uma aliança com os setores produtivos para fazer uma política econômica independente e
que garanta o crescimento sustentado", diz ele. Carneiro é diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da
Unicamp.
(SANDRA BALBI)
Folha - O governo deve renovar o
acordo com o FMI?
Ricardo Carneiro - Na minha opinião, ele não deve renovar e deve
buscar novas articulações internas e externas, tentar fazer um
pacto com os setores produtivos
interessados no crescimento econômico para fazer uma política
diferente da que o Fundo preconiza. É um risco, mas, se ele conseguir fazer isso, talvez consiga abrir
um novo caminho.
Folha - O governo tem cacife para
não renovar o acordo?
Carneiro - O governo poderia ter
criado condições melhores para
não renovar o acordo se tivesse
aumentado as reservas líqüidas
do país [total de reservas depositadas no Banco Central, sem os
recursos do FMI]. Mas, desde o
início do governo até hoje, ele
acrescentou apenas US$ 10 bilhões às reservas: saiu de US$ 12
bilhões em janeiro de 2003 para
US$ 22 bilhões no final de agosto.
Folha - E qual a conseqüência?
Carneiro - O governo ficou prisioneiro dessa política e não pode
dispensar o Fundo. O problema
de renovar o acordo é que a política do Fundo pode inviabilizar o
crescimento.
Folha - Mas a economia não está
crescendo?
Carneiro - A economia está crescendo apesar do acordo com o
Fundo, pois as condições internacionais foram extremamente favoráveis, permitindo uma expansão das exportações. Sem o Fundo, teríamos crescido antes e mais
fortemente. A política do Fundo
-altas taxas de juros e superávit
primário- subtrai dinamismo
da economia e impede o crescimento sustentado.
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