|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DECORAÇÃO
Tok&Stok reclama de recém-inaugurada Etna assediar funcionários com proposta de emprego e contatar fornecedores
Lojas de design travam guerra em São Paulo
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Por trás do êxito inicial da Etna
-maior loja de decoração do
país, inaugurada em São Paulo no
mês passado-, há uma rede de
intrigas que envolve sua maior
concorrente, a Tok&Stok, com a
qual disputa funcionários e fornecedores.
As duas lojas oferecem produtos semelhantes -móveis e objetos de decoração de design- e
buscam o mesmo público.
De um lado está Nelson Kaufman, 52, dono da recém-inaugurada loja e proprietário da joalheria Vivara. Do outro, o francês Régis Dubrule, 55, fundador da
Tok&Stok, com 25 lojas no país.
A Etna diz ter investido R$ 30
milhões num ponto-de-venda de
12.000 m2 (quase dois campos de
futebol), na zona sul de São Paulo.
A Folha apurou que a rede se prepara para abrir outra loja na capital, em janeiro.
A "saia justa" começou há meses e vem se agravando com o sucesso inicial da Etna. A direção da
Tok&Stok se irritou com o assédio da nova loja a seus funcionários e fornecedores meses antes
da inauguração. Cerca de 50 empregados da rede de Dubrule
-são 1.500, no total- foram
sondados pelos "headhunters"
contratados pela Etna -hoje
com 200 funcionários.
O responsável pela área de design e tendências da Tok&Stok
recebeu convite, assim como o gerente da área de compras da rede,
que foi parar na concorrente. O
comando da Etna chegou a negociar parcerias até com os fabricantes que atendem a Tok&Stok.
A direção da Tok&Stok pediu
aos fabricantes que evitassem
acordos de fornecimento com a
Etna. Irritado, Kaufman enviou
carta a Dubrule. Escreveu que não
era ético impedir que os fabricantes produzissem mercadorias para a sua nova loja.
Dubrule respondeu que era moralmente condenável o comportamento da Etna, que manteve todo o projeto de construção da loja
em segredo enquanto contatava
os empregados da Tok&Stok
com convites de emprego.
Encontro
Os dois marcaram um encontro
para colocar a situação "em pratos limpos". Em uma hora e meia
de conversa, cara a cara, ficou
acertado que não haveria mais
rusgas. Kaufman disse, por exemplo, que a intenção não era "copiar" os produtos à venda na
Tok&Stok. Disse que não sabia
das sondagens dos "headhunters"
aos empregados da concorrente.
A última conversa entre os dois
aconteceu numa visita de Dubrule à Etna, em agosto, após a inauguração.
Dubrule acredita que irá manter
a dianteira no setor. "Temos experiência num mercado em que
fomos, aos poucos, construindo
uma marca com 26 anos de vida.
Ninguém aprende nosso "métier"
do dia para a noite. Quem vier depois de nós virá atrás porque nós
vamos correr mais rápido."
"Somos coerentes com o nosso
estilo, que vem sendo trabalhado
há décadas", afirmou. "O que espero é que essa [concorrência
com a Etna] seja uma disputa de
nível e acredito que isso até será
bom para nós, porque estamos
mais motivados."
Ele não confirma os desentendimentos com o concorrente. Procurado, Kaufman não se manifestou sobre o assunto.
Segundo Mauro Chenker, diretor de novos negócios do grupo
Vivara, a empresa tem sido alvo
de "fofocas". "Só queremos ter a
melhor loja do ramo. Por isso,
sempre procuramos pelos fabricantes de primeira linha, e o que
acontece é que eles atendem à
concorrência também", afirma.
Texto Anterior: Evento: Anos 70 e Real fizeram pobreza despencar, diz estudo Próximo Texto: Concorrentes se assemelham no estilo e no preço Índice
|