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Trabalhador teme cancelamento do benefício
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LAGUNA
Os pescadores profissionais artesanais de Laguna (SC) estão
preocupados com a possibilidade
de o governo cortar o pagamento
do seguro-defeso para coibir as
fraudes.
Eles reclamam também das facilidades para se adquirir carteira
de pescador, que faz com que tenham que competir com amadores e com esportistas.
"Ficou uma moleza com as novas regras. Qualquer um vai lá e tira uma carteira de pescador profissional. Aí, vem com barcos
grandes, nos finais de semana, e
leva o ganha-pão da gente", diz
Juliano da Silva Pasqualin, 32,
pescador há dez anos.
Segundo ele, que recebe seguro-defeso para a anchova durante
quatro meses do ano, existe outra
preocupação. "É que, por ter gente recebendo, mesmo sem ter direito, o governo pode retirar de
todo mundo."
No bairro Farol da Santa Marta,
pescadores dizem conhecer quem
"recebe mas não deveria e quem
não recebe e deveria", como diz
Antônio da Silva Barros, 42, há 30
anos pescando no Estado.
Segundo ele, nunca recebeu um
seguro-defeso "porque tem a burocracia. Mas tem também aqueles que são analfabetos. E os espertalhões se aproveitam".
Terezinha Bernardo, 61, que
ajuda pescadores a tirar peixes da
rede em troca de sobras, afirmou
que há mais de 20 anos sobrevive
dessa forma. "Mas nunca recebi
seguro."
"Ontem [quinta-feira] foi bom,
consegui nove quilos e ganhei R$
18, mas na maior parte do tempo
não ganho R$ 10. Como nunca
soube como pedir o seguro, nunca recebi."
Comissões
No bairro, os pescadores artesanais estão se organizando em comissões e querem ter poder para
indicar quem tem direito de receber o seguro-defeso da anchova e
do bagre (pago por três meses durante o ano).
"Só dessa maneira a gente vai
evitar que os seguro seja pago a
quem não precisa", afirma Pedro
Rabelo Neto, 34.
(JM)
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