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Desemprego deve ser alto até 2004
DA REPORTAGEM LOCAL
O desemprego deve continuar
elevado até 2004 no país e será um
dos principais desafios para o governo Lula. Na avaliação de economistas e especialistas em mercado de trabalho ouvidos pela Folha, as taxas mensais de desemprego podem até começar a cair a
partir do segundo semestre.
Mas a melhora no mercado de
trabalho só ocorrerá quando a
economia registrar taxa de crescimento entre 4,5% e 5% ao ano. O
problema, porém, é que as projeções mais otimistas prevêem que
o PIB cresça 2% em 2003. E, com
esse ritmo de expansão na economia, o país não consegue criar vagas suficientes para absorver o
cerca de 1,5 milhão de pessoas que
ingressam por ano no mercado e
parte dos desempregados do país.
Segundo o IBGE, 2,4 milhões de
pessoas estavam desempregadas
em fevereiro em seis regiões metropolitanas do país.
"As medidas adotadas para
conter a inflação, como a elevação
dos juros e o aperto nas contas fiscais, vão trazer resultados a longo
prazo. São necessárias para recuperar a credibilidade do país no
exterior, mas não têm impacto no
curto prazo", diz Juan Pedro Jensen, professor do Ibmec.
Na análise do economista Andrei Spacov, do Unibanco, o país
deve crescer em 2003 no mesmo
ritmo dos dois últimos anos. "Para este ano, prevemos crescer
1,5%. A perspectiva é uma expansão mais significativa a partir de
2004. O que o governo vai fazer é
arrumar a casa, ou seja, adotar
políticas conservadoras para
manter a inflação sob controle."
O Dieese destaca que as perspectivas para este ano são as de
desemprego recorde, pois desde
2002 as taxas já estavam em patamares altos. "Estamos assistindo
a um desempenho semelhante ao
do ano passado", diz Sérgio Mendonça, coordenador do Dieese. O
desemprego na região metropolitana de São Paulo passou de
18,5% em dezembro para 19,1%
em fevereiro -mesmo resultado
de fevereiro de 2002. "A tendência
é de alta em março. Mas não dá
para debitar essa conta ao governo Lula", diz Mendonça. Ele explica que, no primeiro trimestre, o
desemprego tradicionalmente
cresce por haver eliminação de
vagas temporárias.
A renda média do trabalhador
caiu pelo terceiro mês consecutivo em janeiro -passou de R$ 905
em novembro para R$ 873 em janeiro. "Com inflação alta, economia crescendo pouco, desemprego elevado e mercado de trabalho
desfavorável, não era de esperar
que houvesse melhora na renda",
diz Mendonça.
(CR e FF)
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