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GOVERNO LULA CEM DIAS
Calote aumenta com inflação e queda na renda; número de falências decretadas também começa ano em alta, mas concordatas recuam
Inadimplência no comércio cresce 13%
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos três primeiros meses do
governo Lula, houve aumento da
inadimplência de pessoas físicas e
crescimento do número de falências decretadas no país.
Segundo informações da ABM
Consulting, a inadimplência de
pessoas físicas ao comércio cresceu 13% em relação ao primeiro
trimestre de 2002.
Dados da Serasa relativos ao
primeiro bimestre deste ano
apontam na mesma direção: o aumento das dívidas foi de 10,3%
em comparação com janeiro e fevereiro do ano passado.
O número de falências decretadas também cresceu em relação a
2002. Segundo a Equifax, consultoria americana especializada na
coleta e distribuição de informações sobre situação de crédito, a
quantidade de empresas quebradas aumentou 3,05%. No entanto,
os pedidos de falência e concordatas caíram, respectivamente,
5,30% e 5,81% durante o período,
conforme a consultoria.
De acordo com o economista
Alan Marinovic, da ABM Consulting, o aumento do desemprego e
da inflação, aliados à queda da
renda média do consumidor, foram os principais fatores que contribuíram para o aumento da inadimplência da pessoa física.
Sufoco
O alongamento dos prazos concedidos pelo comércio e indústria
para o crédito no começo do ano
também influenciou no crescimento das dívidas, aponta o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida.
"A intenção do comércio e indústria foi de atrair consumidores
para conseguir pagar impostos,
concentrados no primeiro mês do
ano. No entanto, no atual cenário
econômico essa opção de alongar
prazos é arriscada, porque quem
compra tem menor controle sobre o orçamento. Isso aumenta a
inadimplência", afirmou.
Apesar do apelo de prazos mais
longos, Almeida ressalta que a
procura por crédito caiu no país.
Isso porque, segundo ele, as incertezas geradas pelo aumento do
desemprego e a queda na renda
média -que promete ser recorde
neste ano- acautelaram o consumidor na hora das compras.
Arrocho
A continuidade de uma política
econômica conservadora pelo
novo governo, com aumento dos
juros básicos da economia e aperto no superávit primário, comprometeu a situação de muitas
empresas.
Conforme analistas, esses fatores explicam o aumento das falências durante os três primeiros meses deste ano.
Se a inadimplência aumentou
no primeiro trimestre do ano, os
devedores quitaram mais suas dívidas durante o período, segundo
a Associação Comercial de São
Paulo: 655,4 mil carnês em atraso
foram cancelados de janeiro a
março deste ano, número 16,7%
maior do que o registrado no
mesmo período de 2002.
De acordo com os analistas, a
instabilidade econômica do país,
a alta nas taxas de desemprego e a
queda de renda média tornaram o
consumidor mais prudente na
hora de abrir a carteira.
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