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Protesto contra
Fundo vai virar
ato antiguerra
ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Além dos tradicionais protestos
contra as políticas do FMI e do
Banco Mundial, a reunião das
duas entidades neste ano, a partir
da quarta-feira, será também usada pelos pacifistas para manifestações contra a guerra dos EUA
no Iraque.
De acordo com a United for
Peace & Justice (Unidos pela Paz
e Justiça), os eventos devem ocorrer de 10 a 15 de abril, mas se centrarão nos dias da reunião do
Fundo. A United for Peace é uma
campanha contra a guerra que
reúne mais de 70 organizações.
Para o primeiro dia do encontro, a ONG International Answer
organizou o "dia internacional de
ação contra a guerra dos EUA no
Iraque", com manifestações em
Washington e San Francisco.
O dia D, no entanto, deverá ser
13 de abril, para o qual está programada uma marcha organizada
pela Lasc (Coalizão de Solidariedade da América Latina, na sigla
em inglês), uma associação de
grupos de latino-americanos e caribenhos. A Lasc estima que entre
5.000 e 10 mil pessoas participarão do evento.
Segundo a ONG 50 Anos É o
Bastante -referência à data de
criação do Fundo e do Banco
Mundial-, os manifestantes devem fazer apresentações artísticas
e marchar por Washington, com
paradas em frente a escritórios de
grandes corporações e em frente a
prédios do governo americano.
Johnathan Everhard, um dos
organizadores da Lasc, afirma
que a entidade está trabalhando
para que não haja, nas manifestações, grupos contra a globalização
e as políticas do Fundo e do Bird,
mas a favor da guerra. Para ele, as
duas questões -políticas do FMI
e guerra- são "dois lados da
mesma moeda". "Estamos tentando mostrar que essas duas
questões estão conectadas", diz.
A lista de associações ligadas à
United for Peace é, no entanto,
bem diversificada. Há grupos feministas, os que lutam contra o
preconceito contra árabes, anticapitalistas, movimentos negros,
ambientalistas, defensores dos direitos humanos, os que lutam pela
conscientização da mídia, associações de igrejas, um grupo de familiares das vítimas dos atentados de 11 de setembro e até uma
associação de veteranos da Guerra do Vietnã que se opõe à guerra.
Mônica Martins, professora de
ciência política da Universidade
Estadual do Ceará, vai para Washington. A posição de Martins,
que fez doutorado sobre as políticas do Banco Mundial, reflete as
diferenças existentes. "Algumas
organizações defendem que é necessário democratizar o Banco
Mundial, torná-lo mais transparente. Mas, se ele se tornar mais
transparente, o que muda? Nada."
Ela, no entanto, não teme que as
divergências causem um racha.
"Polêmica é saudável", diz.
O FMI diz que não foram tomadas medidas especiais de segurança. Francisco Baker, porta-voz do
Fundo para a América Latina,
afirma que o que acontece fora do
prédio do FMI é problema da cidade de Washington. Conta, no
entanto, que, desde que começou
a guerra, todos os que entram no
prédio do FMI, inclusive os funcionários, têm que passar pelo detector de metais -medida antes
aplicada somente aos visitantes.
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