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Safra recente teve maior risco de contaminação
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A última safra brasileira de
soja apresentou uma maior
contaminação por agrotóxicos do que safras anteriores.
E a recusa pela China de carregamentos do grão mostrou que muitos produtores
brasileiros adotam práticas
que, embora usuais, são nocivas à agricultura nacional.
A mais grave, que gerou a
justificativa dos chineses para a devolução de soja brasileira, é a mistura de soja-semente (tratada quimicamente para o plantio) na soja-grão (utilizada para consumo e industrialização).
Na última safra, uma série
de fatores fez com que essa
mistura fosse maior. A
Agência Folha apurou que
só no Rio Grande do Sul cerca de 60 mil toneladas de soja-semente, com resíduo de
fungicida, foram incorporadas à soja-grão na comercialização do produto. O número foi confirmado com técnicos do próprio Ministério da
Agricultura em Brasília, sob
a condição de não terem
seus nomes divulgados.
A demora do governo federal em editar a medida
provisória dos transgênicos,
no início do plantio da safra,
no ano passado, colaborou
para o aumento da contaminação da soja. No Rio Grande do Sul, por exemplo, sobrou semente de soja convencional no mercado, já
que os produtores apostavam no plantio da semente
transgênica. Essa sobra foi
incorporada aos grãos colhidos para comercialização.
Em algumas regiões ocorreu o inverso. Produtores
que haviam comprado sementes transgênicas, com
medo de represálias, acabaram optando pelas tradicionais. Na colheita, se desfizeram das transgênicas, misturando-as aos grãos normais.
O delegado do Ministério
da Agricultura no Paraná,
Valmir Kowolewski de Souza, afirma que é necessário
um maior rastreamento,
pois a mistura é prática usual
e isso "preocupa muito".
O presidente da Coamo
Agroindústria Cooperativa,
José Aroldo Galassini, atribui o aumento da contaminação "ao ótimo preço da
soja, o que fez com que produtores não conscientes optassem pela mistura".
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