São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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Ministério da Agricultura amplia fiscalização de cargas nos portos

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RIO GRANDE (RS)

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A delegacia do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul, além de colocar mais de dez fiscais para monitorar os terminais do porto de Rio Grande, abriu investigação para identificar os responsáveis pela mistura de grãos puros com sementes tratadas por fungicidas -motivo de toda a polêmica com a China.
"É difícil, mas estamos tentando. Quem agiu assim tentou ganhar migalhas e fez um estrago de dimensões incalculáveis. Estamos certos de que foi intencional", disse o delegado estadual do ministério, Francisco Signor.
Em um dos casos, a China impediu a entrada de uma carga de soja do navio Bunga Saga Tujuh (com 59 mil toneladas de soja), originária do porto de Rio Grande. Em 13 de maio, o navio Bunga Saga 10 (60 mil toneladas) recebeu orientação de também retornar ao Brasil. Depois, outra embarcação, que tinha saído do porto de Santos com 60,9 mil toneladas, também foi barrada pela China.

Inspeção em Santos
Os carregamentos de soja que chegam ao porto de Santos, o maior do país, são inspecionados pelo menos quatro vezes antes de serem embarcados nos navios.
Na última sexta-feira, a reportagem da Agência Folha acompanhou o processo de embarque em um dos terminais exportadores do produto no porto.
Uma das amostras para análise é coletada por meio de um equipamento eletrônico logo na recepção do terminal, diretamente do caminhão (ou do vagão de trem). Um cilindro "chupa" a soja de diferentes pontos do caminhão. Os grãos são imediatamente analisados. Se a mercadoria apresentar problemas, o caminhão nem descarrega.
Para a carga destinada a cada navio, fiscais federais agropecuários fazem a análise fitossanitária do produto e realizam pelo menos duas verificações nos montes de soja armazenados nos silos, em busca, entre outras coisas, de eventuais sementes contaminadas por fungicidas.
Por último, durante o processo de embarque da mercadoria, por meio de esteiras rolantes, funcionários de uma empresa certificadora da carga, contratada pelo exportador, também fazem coletas para produzir duas amostras -uma destinada à eventual necessidade de prova e outra à de contraprova- que são preservadas por até 90 dias.
O delegado do Ministério da Agricultura no Estado de São Paulo, Francisco Sérgio Ferreira Jardim, afirmou que a fiscalização foi intensificada desde o último dia 17 devido aos casos de contaminação por fungicida apontados pelos chineses.

Críticas de Requião
Para o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), a privatização dos portos é a responsável pelo descontrole da fiscalização. A exportação de soja impura e contaminada se deveria, segundo o peemedebista, "ao descontrole das privatizações dos portos no Brasil".
Requião respondeu por e-mail a perguntas da Agência Folha sobre como ele analisa a crise Brasil-China envolvendo a soja.
Ao mesmo tempo em que ataca a privatização, Requião defende o porto de Paranaguá (PR). Segundo ele, se as exportações de grãos dependessem só do porto, "não teríamos passado pelo vexame que o Brasil passou na China."
No centro de triagem de Paranaguá, a Claspar (empresa de classificação de grãos vinculada ao governo do Paraná) rejeitou cargas de 6.000 caminhões nesta safra por impurezas, umidade ou fraudes.
Na semana passada a empresa encaminhou, para apreensão do Ministério da Agricultura, 12 caminhões com cerca de 360 toneladas de soja contaminada com fungicida.


Colaborou a Agência Folha, em Paranaguá

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