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FLOYD NORRIS
Gasolina já custou mais a americano
Os gastos com gasolina e outros combustíveis ainda estão bem abaixo do recorde alcançado em 1980 e 1981
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O QUE custa mais: o carro ou a
gasolina? Nos Estados Unidos, o trimestre que terminou foi provavelmente o primeiro
período desde o início dos anos 1980
em que uma parcela maior do orçamento dos consumidores foi gasta
com gasolina, óleo e outros produtos
energéticos do que a que foi usada
com veículos automotivos.
Mas, ao mesmo tempo em que o
preço da gasolina já subiu para mais
de US$ 4 o galão (3,785 litros), os
americanos estão gastando com
combustível uma parte muito menor de seus orçamentos do que fizeram em 1980, quando ocorreu a última grande alta no preço do petróleo.
Em épocas de recessão, quando os
consumidores reduzem seus gastos
com compras maiores, o dinheiro
dedicado a aquisições e a consertos
de veículos automotivos tende a representar uma parte menor de suas
despesas. As cifras desanimadoras
das vendas de carros e caminhões
em junho, anunciadas na semana
passada, indicam que é isso o que parece estar acontecendo. E a parcela
de 4,2% dos gastos dos consumidores dedicada a automóveis no primeiro trimestre provavelmente diminuiu mais ainda no segundo.
Mas a parcela gasta com a compra
de gasolina e outros combustíveis
certamente aumentou, apesar de
haver indicativos de que os americanos vêm reduzindo seus deslocamentos em carros. O preço médio da
gasolina no segundo trimestre foi
20% superior ao do primeiro. É provável que a participação dos combustíveis nos gastos dos consumidores tenha subido mais que os 4,1%
registrados no primeiro trimestre.
Historicamente, as altas aceleradas nos preços da gasolina sempre
foram prejudiciais à indústria automotiva, e isso parece estar ocorrendo agora. As montadoras não têm
problemas em vender veículos de
baixo consumo de combustível, especialmente os carros híbridos que
podem ser movidos a eletricidade
ou a gasolina. Até recentemente, porém, a demanda por esses veículos
era restrita, e não é fácil aumentar a
produção em pouco tempo. Já os
veículos de alto consumo de gasolina, especialmente utilitários esportivos e picapes, estão tendo grande
queda na demanda, deixando as
montadoras com grandes prejuízos.
Mesmo antes de a gasolina chegar
a US$ 4 o galão, a participação dos
veículos nos gastos dos consumidores tinha caído para o nível mais baixo desde pouco depois da Segunda
Guerra Mundial, quando a indústria
automobilística estava começando a
aumentar sua produção. A recessão
de 2001 foi incomum pelo fato de
ocorrer sem causar qualquer revés
perceptível na participação dos automóveis nos gastos dos consumidores, como ocorrera em fases anteriores de retração econômica.
A parcela dos gastos pessoais dedicada à gasolina e a outros combustíveis chegou, no primeiro trimestre
deste ano, ao nível mais alto em mais
de duas décadas. Mas ainda está
muito abaixo do recorde de 6% alcançado em quatro trimestres de
1980 e 1981, quando o preço do petróleo estava alto e a economia sofria o efeito de duas recessões.
Essas cifras são baseadas nas estatísticas governamentais relativas a
gastos pessoais. Podem surpreender
a muitos que pensam que a parcela
de sua renda disponível gasta com
gasolina é muito maior do que os números parecem indicar.
Essas pessoas não deixam de ter
razão. Uma parcela maior dos gastos
pessoais está sendo usada com serviços médicos, boa parte dos quais
não é paga pelos consumidores. No
segundo trimestre, essa área respondeu por 17,5% dos gastos, bem
mais que os 11% do início dos anos
1980, quando os gastos com combustíveis chegaram a seu recorde.
FLOYD NORRIS escreve para o "New York Times"
Tradução de CLARA ALLAIN
Excepcionalmente, hoje, a coluna de
RUBENS RICUPERO não é publicada.
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