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Entrada das teles no mercado de TV a cabo é vista como inevitável
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Principal disputa no início da
tramitação do projeto de convergência digital no país, em janeiro de 2007, a entrada das
empresas de telefonia fixa no
mercado de TV a cabo é vista
hoje como inevitável no mercado e no Congresso, apesar de
ainda sofrer resistências entre
sindicalistas.
A mudança ocorreu depois
que as emissoras de TV e as teles praticamente selaram um
acordo de "limites recíprocos"
de atuação no mercado de produção, programação e distribuição de audiovisual.
Assim, o texto do projeto a
ser votado no Congresso libera
a atuação das companhias de
telefonia fixa na TV a cabo, extinguindo a proibição atual prevista na Lei do Cabo. Permite
ainda que teles fixas de capital
estrangeiro operem no setor,
uma reivindicação da espanhola Telefônica.
Por outro lado, as teles não
poderão deter mais do que 30%
das empresas de produção e de
programação audiovisual, seguindo o mesmo modelo previsto na Constituição para a
presença de capital estrangeiro
na radiodifusão. Ou seja, não
podem ser donas da fase de
produção e de programação de
conteúdo.
As teles têm pressa para votar o projeto. Já a Globo, nem
tanto. Quando ele for aprovado,
especialistas avaliam que haverá uma consolidação do mercado da TV a cabo na seguinte
configuração:
1) Na área de distribuição,
haverá um predomínio das
operadoras Telefônica (principalmente em São Paulo), Embratel (Net, a mais forte hoje) e
Oi/Brasil Telecom; 2) na de fornecimento de conteúdo, uma
disputa da Globosat com Record, Abril e Band, com vantagem atual para a empresa das
Organizações Globo.
A Globosat sai na frente porque domina o segmento: sua
programação já está disponível
na Net, na Sky e até na TV por
satélite da Telefônica, com o
forte apelo dos canais de esporte e de notícias.
Entre as teles, a Embratel, do
mexicano Carlos Slim, está em
vantagem, pois já participa da
Net. Aprovado o projeto de Bittar, deve ser formalizada uma
operação prevista no mercado.
Uma troca de posições na Net.
Slim hoje tem 49% do controle da TV a cabo. A Globo,
51%. Haveria uma inversão,
com o mexicano passando a ser
o sócio controlador e majoritário de uma empresa que está
numa política agressiva para
aumentar seu número de assinantes antes que as novas regras entrem em vigor e a competição aumente no setor.
Afinal, as teles fixas ficarão livres para atuar na TV a cabo e
terão condições de oferecer,
nessa modalidade, o serviço
"triple play" (banda larga, TV
por assinatura e telefone num
mesmo pacote por cabo), hoje
quase uma exclusividade da
empresa de Slim e Globo.
Pacotes populares
Antes que a competição aumente, a Net está oferecendo
pacotes mais populares de "triple play" a R$ 39,90 -num serviço que disponibiliza ao assinante só os canais abertos, não
oferecendo os da TV paga.
A aprovação do projeto de
Bittar será também a senha para a Telefônica concretizar uma
operação vista como certa no
mercado: assumir o controle
acionário do setor de TV a cabo
do Grupo Abril em São Paulo,
no qual detém menos de 20%
do controle, como manda a lei.
Atualmente, a empresa espanhola já controla TVs por assinatura por satélite e microondas, ofertando por meio dessas
tecnologias pacotes que incluem também banda larga e
telefone fixo.
A Oi opera em Belo Horizonte uma empresa de TV a cabo, a
Way TV. Ganhou uma autorização da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)
para operar o sistema porque,
na época em que a empresa foi
colocada à venda na capital mineira, só ela se apresentou como interessada no negócio.
Uma medida que foi questionada pelos concorrentes, por causa da proibição de teles fixas
atuarem no sistema prevista na
Lei do Cabo.
(VC)
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