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Aumenta procura por aplicação com "blindagem" contra riscos
Fundos de capital protegido atendem investidores que buscam proteção maior para aplicar no mercado acionário; rentabilidade, porém, tem limitações
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Querer investir em ações e
ter medo de perder o capital
aplicado. Atrás do investidor
que sonha em ganhar na Bolsa
sem correr o risco, bancos vêm
lançando cada vez mais fundos
chamados de "capital protegido". Em um ano, o patrimônio
líquido dessa categoria de fundos mais do que triplicou. Saltou de R$ 850 milhões no final
de junho de 2007 para R$ 2,532
bilhões, segundo dados da Associação Nacional dos Bancos
de Investimento (Anbid).
Os fundos de capital protegido "buscam retornos em mercados de risco, procurando proteger parcial ou totalmente o
valor principal investido", na
definição da Anbid. "Na pior hipótese, de rentabilidade zero,
se o investidor entrou com R$
100 mil, sairá, 15 meses depois,
com R$ 100 mil [ valor nominal]", afirma Henrique Ferreira, diretor de produtos estruturados do HSBC Global Asset
Management.
Se o Ibovespa, até a data do
vencimento, der 10%, o investidor ganhará 10%. Se, porém, ultrapassar um determinado percentual, que pode ser de 35%
ou de 50% de alta, o fundo passará a ser considerado como de
renda fixa e, no resgate, terá
uma rentabilidade prefixada.
Em muitos fundos da categoria,
essa taxa prefixada é apenas
uma meta, não é garantida. Ela
tem variado entre 14% e 25%,
mas depende muito das características do produto.
A maioria dos fundos de capital protegido não aceita pequenos investidores. O HSBC foi o
primeiro a lançar um fundo
dessa categoria que não se restringe aos chamados "investidores qualificados" e permite a
entrada de aplicações não importando o volume investido.
O último fundo dessa categoria de capital protegido do banco, o sexto criado desde 2006,
foi fechado para investidores
na semana passada ao captar
mais de R$ 145 milhões. As instituições, porém, vêm lançando
um fundo atrás do outro.
A Caixa Econômica Federal,
cujo fundo de capital garantido
foi fechado para captação em
junho, já abriu outro na semana
passada. "As cotas do primeiro
fundo terminaram em apenas
dois dias", diz Celso Zanin, superintendente de Desenvolvimento de Produtos de Ativos
de Terceiros da Caixa.
Variações
Os fundos variam de instituição para instituição. Alguns
dão 100% do capital protegido,
outros limitam-se a 80%. Há
produtos que dão 100% do que
a Bolsa der, mas protegem apenas 50% da aplicação.
O preço a pagar pela proteção
não é só o de perda dos ganhos
da Bolsa, se ela disparar.
Quem entra nesse tipo de
fundo não pode sair antes do
prazo de vencimento, de 15 meses nos fundos mais recentes, e
perde no caso de sair com o valor nominal sem correção da
inflação ou juros. "Com o resgate em 15 meses, considero muito alto o custo de oportunidade,
de não ganhar a taxa de juros do
período, de cerca de 15% [caso o
índice da Bolsa supere o limite
estipulado]", afirma a consultora Márcia Dessen.
Ao optar pela segurança, esse
investidor abre mão da rentabilidade da taxa de juros básica,
que repõe o poder de compra e
oferece uma taxa de juros real
(ganho acima da inflação).
"Quem entra na Bolsa não
entra com o dinheiro do leite
das crianças e pode suportar
perdas grandes. Restringir o ganho fica sem graça", diz Wil-
liam Eid Junior, coordenador
do GV Centro de Estudos em
Finanças. "Além disso, além da
perda dos juros do período, ter
uma data certa para sair do investimento vai contra o que dizemos sobre Bolsa: é para o longo prazo, não há ganhos em ficar entrando e saindo."
Dessen destaca que a estrutura desses produtos é engenhosa, mas o investidor deve
considerar que manter o valor
nominal aplicado não é o suficiente. "Para investidores que
acreditam que "deixar de ganhar" não é perda -e é-, pode
ser interessante", diz Dessen.
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