São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2008

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Aumenta procura por aplicação com "blindagem" contra riscos

Fundos de capital protegido atendem investidores que buscam proteção maior para aplicar no mercado acionário; rentabilidade, porém, tem limitações

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Querer investir em ações e ter medo de perder o capital aplicado. Atrás do investidor que sonha em ganhar na Bolsa sem correr o risco, bancos vêm lançando cada vez mais fundos chamados de "capital protegido". Em um ano, o patrimônio líquido dessa categoria de fundos mais do que triplicou. Saltou de R$ 850 milhões no final de junho de 2007 para R$ 2,532 bilhões, segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid).
Os fundos de capital protegido "buscam retornos em mercados de risco, procurando proteger parcial ou totalmente o valor principal investido", na definição da Anbid. "Na pior hipótese, de rentabilidade zero, se o investidor entrou com R$ 100 mil, sairá, 15 meses depois, com R$ 100 mil [ valor nominal]", afirma Henrique Ferreira, diretor de produtos estruturados do HSBC Global Asset Management.
Se o Ibovespa, até a data do vencimento, der 10%, o investidor ganhará 10%. Se, porém, ultrapassar um determinado percentual, que pode ser de 35% ou de 50% de alta, o fundo passará a ser considerado como de renda fixa e, no resgate, terá uma rentabilidade prefixada. Em muitos fundos da categoria, essa taxa prefixada é apenas uma meta, não é garantida. Ela tem variado entre 14% e 25%, mas depende muito das características do produto.
A maioria dos fundos de capital protegido não aceita pequenos investidores. O HSBC foi o primeiro a lançar um fundo dessa categoria que não se restringe aos chamados "investidores qualificados" e permite a entrada de aplicações não importando o volume investido.
O último fundo dessa categoria de capital protegido do banco, o sexto criado desde 2006, foi fechado para investidores na semana passada ao captar mais de R$ 145 milhões. As instituições, porém, vêm lançando um fundo atrás do outro.
A Caixa Econômica Federal, cujo fundo de capital garantido foi fechado para captação em junho, já abriu outro na semana passada. "As cotas do primeiro fundo terminaram em apenas dois dias", diz Celso Zanin, superintendente de Desenvolvimento de Produtos de Ativos de Terceiros da Caixa.

Variações
Os fundos variam de instituição para instituição. Alguns dão 100% do capital protegido, outros limitam-se a 80%. Há produtos que dão 100% do que a Bolsa der, mas protegem apenas 50% da aplicação.
O preço a pagar pela proteção não é só o de perda dos ganhos da Bolsa, se ela disparar.
Quem entra nesse tipo de fundo não pode sair antes do prazo de vencimento, de 15 meses nos fundos mais recentes, e perde no caso de sair com o valor nominal sem correção da inflação ou juros. "Com o resgate em 15 meses, considero muito alto o custo de oportunidade, de não ganhar a taxa de juros do período, de cerca de 15% [caso o índice da Bolsa supere o limite estipulado]", afirma a consultora Márcia Dessen.
Ao optar pela segurança, esse investidor abre mão da rentabilidade da taxa de juros básica, que repõe o poder de compra e oferece uma taxa de juros real (ganho acima da inflação).
"Quem entra na Bolsa não entra com o dinheiro do leite das crianças e pode suportar perdas grandes. Restringir o ganho fica sem graça", diz Wil- liam Eid Junior, coordenador do GV Centro de Estudos em Finanças. "Além disso, além da perda dos juros do período, ter uma data certa para sair do investimento vai contra o que dizemos sobre Bolsa: é para o longo prazo, não há ganhos em ficar entrando e saindo."
Dessen destaca que a estrutura desses produtos é engenhosa, mas o investidor deve considerar que manter o valor nominal aplicado não é o suficiente. "Para investidores que acreditam que "deixar de ganhar" não é perda -e é-, pode ser interessante", diz Dessen.


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