São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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FGV diz que a inflação tem "desaceleração generalizada"

Altas mais moderadas no atacado e no varejo derrubam IGP-DI para 1,12% em julho

Apesar do ritmo menor de reajustes, FGV afirma que a inflação ainda preocupa, uma vez que a demanda continua muito aquecida

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação entrou numa trajetória generalizada de desaceleração, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas). É que, com aumentos mais moderados tanto no atacado como no varejo, o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) cedeu de 1,89% em junho para 1,12% em julho.
Para o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, no mês passado houve uma acomodação dos reajustes espalhada por diversos setores e em produtos importantes, especialmente no atacado. Resultado: o IPA (Índice de Preços por Atacado) subiu 1,28% em julho, bem abaixo dos 2,29% de junho.
A perda de fôlego foi mais intensa nos produtos agrícolas no atacado, cuja alta se desacelerou de 3,88% em junho para 1,14% no mês passado.
Registraram aumentos menores em julho carnes (2,88%), aves (2,67%) e massas alimentícias (0,20%) na esteira da queda das commodities, que não atingiu ainda com toda a intensidade os preços no atacado no Brasil, segundo Quadros.

Algumas quedas
Ainda assim, alguns produtos chegaram a apresentar retração de preços no mercado atacadista em julho. É o caso de feijão (7,57%), leite (0,67%) e óleo de soja (1,22%).
Embora em ritmo mais moderado, os preços industriais também cederam. O IPA industrial ficou em 1,34% em julho, menos do que o 1,69% de junho. O índice só não caiu mais porque o álcool pressionou, com alta de 6,27% em julho.
Apesar da "desaceleração generalizada", Quadros disse que a inflação ainda é um foco de preocupação, pois a demanda continua aquecida. Tal cenário, diz, requer atenção especial da política monetária. "Os preços das commodities, mesmo em queda, continuam muito altos. Os fundamentos não mudaram."
Para Quadros, a inflação sofreu "uma escalada muito grande" num curto espaço de tempo -o que demanda agora uma ação da política monetária para que ela volte a convergir novamente para taxas mais baixas. Ele citou o índice do IGP-DI acumulado em 12 meses -de 14,81% até julho-, que se manteve em aceleração.

No varejo
Os preços no varejo também subiram com menos força em julho, mas não na mesma proporção do atacado, segundo a FGV. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ficou em 0,53%, abaixo do 0,77% em junho.
Para Quadros, a menor pressão no atacado ainda não repercutiu integralmente nos preços ao consumidor, que tendem a se desacelerar com mais intensidade nos próximos meses. O fenômeno, diz, deve atingir especialmente o grupo alimentação.
Em julho, os alimentos já foram os principais responsáveis pela alta menor do IPC. Subiram 0,83%, menos do que o 1,85% de junho.
Pressionaram menos a inflação ao consumidor os derivados de trigo, as carnes e os produtos "in natura", além do arroz e do feijão. A carne bovina subiu 3,39% em junho -a alta havia sido de 8,05% em junho.
Também tiveram aumentos menores os subgrupos arroz e feijão (2,29%), massas e farinhas (0,61%) e panificados e biscoitos (0,30%). Chegaram a cair os preços da batata (6,06%) e da banana (7,26%).


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