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FGV diz que a inflação tem "desaceleração generalizada"
Altas mais moderadas no atacado e no varejo derrubam IGP-DI para 1,12% em julho
Apesar do ritmo menor de reajustes, FGV afirma que
a inflação ainda preocupa, uma vez que a demanda continua muito aquecida
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A inflação entrou numa trajetória generalizada de desaceleração, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas). É que,
com aumentos mais moderados tanto no atacado como no
varejo, o IGP-DI (Índice Geral
de Preços - Disponibilidade Interna) cedeu de 1,89% em junho para 1,12% em julho.
Para o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, no mês passado
houve uma acomodação dos
reajustes espalhada por diversos setores e em produtos importantes, especialmente no
atacado. Resultado: o IPA (Índice de Preços por Atacado) subiu 1,28% em julho, bem abaixo
dos 2,29% de junho.
A perda de fôlego foi mais intensa nos produtos agrícolas no
atacado, cuja alta se desacelerou de 3,88% em junho para
1,14% no mês passado.
Registraram aumentos menores em julho carnes (2,88%),
aves (2,67%) e massas alimentícias (0,20%) na esteira da
queda das commodities, que
não atingiu ainda com toda a
intensidade os preços no atacado no Brasil, segundo Quadros.
Algumas quedas
Ainda assim, alguns produtos
chegaram a apresentar retração de preços no mercado atacadista em julho. É o caso de
feijão (7,57%), leite (0,67%) e
óleo de soja (1,22%).
Embora em ritmo mais moderado, os preços industriais
também cederam. O IPA industrial ficou em 1,34% em julho,
menos do que o 1,69% de junho.
O índice só não caiu mais porque o álcool pressionou, com
alta de 6,27% em julho.
Apesar da "desaceleração generalizada", Quadros disse que
a inflação ainda é um foco de
preocupação, pois a demanda
continua aquecida. Tal cenário,
diz, requer atenção especial da
política monetária. "Os preços
das commodities, mesmo em
queda, continuam muito altos.
Os fundamentos não mudaram."
Para Quadros, a inflação sofreu "uma escalada muito grande" num curto espaço de tempo
-o que demanda agora uma
ação da política monetária para
que ela volte a convergir novamente para taxas mais baixas.
Ele citou o índice do IGP-DI
acumulado em 12 meses -de
14,81% até julho-, que se manteve em aceleração.
No varejo
Os preços no varejo também
subiram com menos força em
julho, mas não na mesma proporção do atacado, segundo a
FGV. O IPC (Índice de Preços
ao Consumidor) ficou em
0,53%, abaixo do 0,77% em junho.
Para Quadros, a menor pressão no atacado ainda não repercutiu integralmente nos preços
ao consumidor, que tendem a
se desacelerar com mais intensidade nos próximos meses. O
fenômeno, diz, deve atingir especialmente o grupo alimentação.
Em julho, os alimentos já foram os principais responsáveis
pela alta menor do IPC. Subiram 0,83%, menos do que o
1,85% de junho.
Pressionaram menos a inflação ao consumidor os derivados de trigo, as carnes e os produtos "in natura", além do arroz e do feijão. A carne bovina
subiu 3,39% em junho -a alta
havia sido de 8,05% em junho.
Também tiveram aumentos
menores os subgrupos arroz e
feijão (2,29%), massas e farinhas (0,61%) e panificados e
biscoitos (0,30%). Chegaram a
cair os preços da batata (6,06%)
e da banana (7,26%).
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