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COMÉRCIO EXTERIOR
Documento propõe liberalização em sete áreas industriais na OMC, mas agricultura permanece central
País rejeita zerar tarifa para eletrônicos
DO COLUNISTA DA FOLHA
Um acordo agrícola em Cancún
seria o fator que faria andar ou desandar toda a Rodada Doha, diz
estudo preparado pelo Centro Internacional para o Comércio e o
Desenvolvimento Sustentável,
instituto de estudos com base em
Genebra (Suíça).
Como essa é uma visão virtualmente consensual, a questão seguinte, para o Brasil, é esta: o que e
em que setores o país cederia, na
hipótese de que Estados Unidos e
União Européia decidam, no último momento, fazer concessões
importantes na agricultura?
A resposta dos delegados brasileiros é cautelosa, em grande medida porque nenhum deles acredita que esteja à vista uma real liberalização da agricultura.
Mas é cautelosa também porque o Brasil foi assumidamente tímido nas suas ofertas nas demais
áreas de negociação.
Indústria
Na área industrial, por exemplo,
o governo brasileiro não gostou
nada do documento preparado
pelo chefe do Nama (sigla em inglês para o grupo de negociação
de acesso a mercado de bens não-agrícolas), o suíço Piérre-Louis
Girard.
A proposta de Girard prevê, entre outros pontos, um enfoque setorial, pelo qual seriam eliminadas as tarifas de importação para
sete áreas: pescados e derivados;
calçados; bens de couro; autopeças e componentes de veículos;
pedras, gemas e metais preciosos;
tecidos e roupas; e bens eletrônicos e elétricos.
Este último item é o motivo da
inquietação brasileira. Zerar as tarifas de produtos eletroeletrônicos está fora de cogitação. Mesmo
reduzir essas tarifas significativamente é "complicado", afirma o
embaixador Clodoaldo Hugueney, negociador-chefe para assuntos da Organização Mundial
do Comércio.
De todo o modo, o impasse
agrícola adia para um futuro incerto qualquer outra definição do
Brasil nas demais áreas, porque,
como diz o chanceler Celso Amorim, "não se pode permitir que
outras áreas avancem mais que
agricultura".
Também nesse ponto há uma
nítida colisão entre a posição brasileira e, por exemplo, a posição
defendida pela Europa.
"De fato, os países desenvolvidos devem fazer mais (em matéria de liberalização) do que os países em desenvolvimento, mas não
é um enfoque correto dizer que só
os países desenvolvidos devem
aceitar novas aberturas", diz
Franz Fischler, comissário europeu para Agricultura.
(CLÓVIS ROSSI)
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