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Ganho relativo pelo nível universitário era de 74% em 1981; duas décadas depois, indicador avançou para 102%
Curso superior vale o dobro do nível médio
DA REPORTAGEM LOCAL
O indicador que mede a parcela
de aumento da remuneração de
um trabalhador de acordo com
seus anos de estudo só tem mostrado avanços para quem tem diploma universitário.
Em 1981, o nível superior garantia a um trabalhador retorno 74%
maior em relação a outro que tivesse concluído apenas o ensino
médio. Em 2001, essa mesma diferença -chamada "retorno marginal por educação"- havia saltado para 102%.
Para todas as outras faixas de
educação pesquisadas pelo professor Jorge Arbache, da Universidade de Brasília, esse retorno relativo vem caindo.
Segundo Arbache, embora ambas tenham aumentado, a procura por brasileiros com mais de 15
anos de estudo cresceu mais do
que a demanda por trabalhadores
com nível médio completo.
Preferência
Em 1992, de cada cem brasileiros ocupados, cerca de 19 tinham
entre um e três anos de estudo,
outros 18 haviam estudado 11
anos ou mais. Passados dez anos,
o cenário era outro: apenas 13,2%
dos que estavam trabalhando pertenciam à primeira faixa educacional e 30,7% faziam parte da segunda.
Essa é outra indicação dos ganhadores e perdedores do processo de abertura econômica do país,
segundo analistas.
Casos do que tem se passado
dentro das empresas confirmam
o aumento da demanda por trabalhadores mais qualificados. Na
Volkswagen, por exemplo, 59%
dos trabalhadores tinham, no máximo, o ensino fundamental em
1980. Neste ano, esse percentual
era de 28%.
Na contramão desse movimento de redução, no mesmo período
o percentual de trabalhadores
com ensino médio completo saltou de 23% para 39% do total. Já o
dos com diploma universitário
passou de 18% para 33%.
Mais anos de estudo
Se forem considerados apenas
os brasileiros com 11 a 14 anos de
estudo, o salto da participação no
mercado de trabalho foi de 13,3%
do total dos ocupados, em 1992,
para 23,3%, em 2002, segundo os
dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Já os brasileiros com 15 ou mais
anos de estudo representavam só
5,1% do total de trabalhadores
ocupados em 1992. Em 2002, esse
percentual subiu para 7,4%.
A grande diferença entre as
duas faixas educacionais é que, ao
contrário do ocorrido com os brasileiros com diploma universitário, aqueles que concluíram o ensino médio não tiveram ganho
real de renda no período.
A principal explicação para isso
foi o salto no número total de trabalhadores com ensino médio
completo. O que, em outras palavras, tem significado oferta maior
dessa mão-de-obra no mercado.
Segundo dados do Censo Demográfico, feito pelo IBGE, entre
1991 e 2000 cresceu 37% o total de
brasileiros com mais de 25 anos
que concluíram o antigo segundo
grau. Para aqueles com mais de 15
anos de estudo, também houve
crescimento, embora menor, de
17,2%.
Negociações futuras
Tanto esses dados gerais da economia como informações específicos de empresas (como a Volkswagen) levam especialistas a defender a necessidade de maior investimento em educação no país.
"Todo o processo de globalização, de valorização crescente do
conhecimento e de abertura comercial levou a uma maior procura por gente especializada, educada. Para o Brasil, isso é uma prova
de que o governo precisa, urgentemente, repensar o sistema educacional, investir na melhoria do
ensino básico e médio. Criar incentivos para que o brasileiro inicie e termine o curso universitário", diz Ruy Quintans, professor
do Ibmec (Instituto Brasileiro de
Mercado de Capitais) no Rio.
Segundo especialistas, possíveis
novos acordos comerciais, como
a Alca (Área de Livre Comércio
das Américas), devem intensificar
esses efeitos verificados no mercado de trabalho brasileiro.
(EF)
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