|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fuga ocorre em todas as categorias
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos DIs e de renda fixa
mais tradicionais não foram os
únicos alvos de intensos saques
nos últimos meses. Outras categorias de fundos, como os cambiais e os "off-shore", também sofreram fortes resgates.
Segundo dados do site Fortuna,
entre os dias 29 de maio e 29 de
agosto deste ano, os fundos DI e
de renda fixa tinham apresentado
captação líquida (depósitos menos saques) negativa de, respectivamente, 20,52% e 21,25%. No caso dos fundos cambiais -atrelados ao dólar- os resgates superaram os saques em 32,67%. Já os
fundos "off-shore" -geralmente
destinados a investidores não residentes no país que querem aplicar recursos no exterior em ativos
ligados ao Brasil- tiveram captação líquida negativa de 30%.
A debandada de recursos de todas essas aplicações contribuiu
para o encolhimento do patrimônio líquido (PL) do mercado de
fundos. No Credit Lyonnais, por
exemplo, a saída dos fundos "off-shore" foi a maior responsável pela queda de 30,37% do PL, entre o
fim de maio e de agosto deste ano.
Segundo Fábio Faria, diretor da
administradora de recursos do
banco francês, os saques foram
feitos por investidores que decidiram fugir do chamado risco Brasil, ou seja, quiseram tirar seu dinheiro de ativos brasileiros, como
títulos e bônus. Mas diz que o Credit Lyonnais encarou as perdas de
recursos "com naturalidade".
Apesar do recente fechamento
de todas as corretoras do Credit
Lyonnais da América Latina e da
saída do seu sócio, o também
francês Credit Agricole, da Argentina, nega que o banco possa sair
do Brasil no curto prazo.
O espanhol BBV, cuja empresa
de asset management perdeu
19,87% de seu PL nos últimos três
meses, também garante que continuará no país. Marcos Rabinovich, diretor-adjunto da administradora de recursos do BBV, disse
que as maiores perdas ocorreram
em fundos DI e de renda fixa.
Mas, segundo ele, boa parte dos
recursos migraram para CDBs
(Certificados de Depósitos Bancários) da própria instituição. Outros saques teriam sido de investidores institucionais que preferiram aplicar em outras instituições
com perfil mais sofisticado ou
precisaram do dinheiro para pagar IR (Imposto de Renda).
No caso do Bank of America,
instituição que mais perdeu PL
nos últimos três meses (-33,9%
até 29 de agosto passado), os saques maiores ocorreram nos fundos cambiais e nos chamados
multimercados, que são aplicações mais agressivas.
O banco norte-americano já vinha perdendo recursos antes da
mudança de regras de contabilidade dos fundos devido a altas
perdas de rentabilidade provocadas, segundo analistas, por falhas
de gestão. Procurado pela Folha,
o Bank of America não quis comentar o assunto.
(ÉRICA FRAGA)
Texto Anterior: Saques podem barrar a venda do Sudameris Próximo Texto: Público versus privado: Consultor tenta vender dados do governo Índice
|