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Saques podem barrar a venda do Sudameris
DA REPORTAGEM LOCAL
Os saques sofridos nos últimos
três meses pelos fundos do banco
Sudameris poderão, na avaliação
de analistas, atrapalhar o processo de venda da instituição para o
banco Itaú.
Entre os dias 29 de maio e 29 de
agosto deste ano, a administradora de recursos do Sudameris teve
seu patrimônio líquido encolhido
em 16,48%, de acordo com dados
levantados no site Fortuna.
A venda do Sudameris, anunciada em dezembro de 2001, já deveria estar sendo concluída agora.
Mas, segundo a Folha apurou, há
divergências entre o Itaú e a instituição italiana Intesa, que controla o Sudameris, sobre o valor total
a ser pago.
O ágio acertado entre as duas
instituições para a compra do Sudameris foi de US$ 925 milhões.
Além disso, o Itaú deve pagar pelo
patrimônio líquido (PL) do banco. Aí, está o problema. O PL do
Sudameris, segundo seu último
balanço, seria de R$ 1,3 bilhão.
Descompasso
Mas, segundo a Folha apurou, o
Itaú teria proposto uma redução
muito alta desse PL depois que
começou a analisar as contas do
Sudameris, alegando que haveria
necessidade de maiores provisões
para créditos de recebimento duvidoso e para ações trabalhistas.
Os italianos não teriam concordado com a proposta. Isso estaria
atravancando o negócio.
As perdas sofridas pelos fundos
do Sudameris poderão atrapalhar
ainda mais as negociações.
Apesar de os saques nos fundos
não afetarem diretamente o patrimônio líquido do banco, o tornam menos atrativo para o Itaú,
segundo analistas do mercado
bancário.
Procurados pela Folha para comentarem esses assuntos, o Itaú e
o Sudameris não se manifestaram
até a noite da sexta-feira.
Negócios à vista
Segundo o diretor de fusões e
aquisições de uma importante
consultoria, os braços de asset
management de outros bancos
estrangeiros poderão deixar o
mercado brasileiro.
Os rumores já começam a circular no mercado e os principais alvos de especulação são as instituições menores que não tinham
uma fatia muito grande do mercado e ainda perderam muito patrimônio líquido nos últimos meses. Os prejuízos sofridos por
muitos bancos estrangeiros na
Argentina também são citados
como mais um motivo para uma
eventual saída do Brasil.
Exceções
Em meio à crise dos últimos
meses, apenas sete instituições,
entre as 35 maiores, conseguiram
fazer o PL total de seus fundos de
investimento crescer. Nessa lista
estão BNP Paribas, JP Morgan,
Pactual, Votorantim, BNL
DTVM, Hedging Griffo e CSFB
(Credit Suisse First Boston).
Segundo Mauro Bergstein, diretor do CSFB, os fundos não tiveram fortes perdas de rentabilidade e, portanto, conseguiram manter uma boa captação líquida,
porque já contabilizavam seus ativos de acordo com os preços de
mercado há muito tempo. "Isso
sempre fez parte do nosso controle de risco", disse Bergstein.
(EF)
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