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Petista acha que Brasil "reconquistou" Argentina
COLUNISTA DA FOLHA
A viagem do presidente eleito
ao Chile e Argentina consolidou a
intenção de apresentar aos americanos a idéia de uma negociação
comercial entre Mercosul e EUA,
paralelamente à Alca. O receio do
PT, antes, era o de não ser acompanhado pela Argentina, principal sócio do Brasil no Mercosul.
Receio desfeito: "Há uma convergência nacional (na Argentina) em torno do Mercosul e da
parceria com o Brasil", avalia
Aloizio Mercadante.
Se há tal convergência, a eleição
na Argentina não alterará a disposição para alinhar-se com o Brasil
nas negociações comerciais que
se acelerarão em 2003 (além da
Alca, há o diálogo com a União
Européia e a rodada da Organização Mundial do Comércio).
O entendimento Brasil/Argentina foi tão amplo que permitiu às
partes passar para iniciativas concretas, já com data marcada: no
dia 14 de janeiro, ministros e parlamentares dos dois países se reúnem para discutir o aprofundamento das relações bilaterais.
Pretende-se ir muito além do
comércio (exatamente a área
mais delicada), para discutir, por
exemplo, a integração militar.
Os dois países estão de olho não
apenas nas convencionais manobras conjuntas, mas também na
utilização da área militar para driblar restrições a subsídios feitas
pela OMC. Os EUA abusam da
brecha nas regras internacionais
que permite aos governos subsidiar gastos com defesa.
Recuperar o Mercosul, via um
entendimento mais profundo
com a Argentina, é apenas o ponto de partida para o sonho dourado do PT: integrar, sob liderança
do Brasil, a América do Sul.
Para dar mais solidez ao sonho,
Lula vai designar o historiador
Marco Aurélio Garcia como assessor especial para a integração
sul-americana, com escritório no
Palácio do Planalto.
Marco Aurélio, ex-secretário de
Relações Internacionais do PT e
hoje secretário de Cultura da Prefeitura paulistana, fará o papel
que os embaixadores Gelson Fonseca, primeiro, e Eduardo Santos,
depois, desempenharam no governo FHC: a assessoria internacional do presidente, mas, no caso, com foco na América do Sul.
A idéia de uma América do Sul
integrada não é nova: foi lançada
em 1993, no governo Itamar Franco, quando FHC era o ministro de
Relações Exteriores. Até agora,
não saiu da fase de negociações e,
agora, o PT torce, discretamente,
para que o acordo EUA/Chile acabe não sendo fechado até 31 de dezembro, a mais recente data-limite posta nas negociações, que se
arrastam desde 1994.
Se não houver acordo até o fim
do ano, acreditam os petistas, será
mais fácil atrair o Chile para o
Mercosul, apesar das reticências
evidentes das autoridades chilenas, fáceis de explicar, de resto: a
tarifa de importação média no
Chile não passa de 6% contra o
dobro da média brasileira.
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